Dia: 28 de maio de 2024

O que é powershoring, como funciona e quais as vantagens para o Brasil?

Powershoring é o nome de uma das tendências que estão se desenvolvendo em tempos de transição energética e mudanças climáticas. Trata-se da escolha das empresas por instalar indústrias em locais com alto potencial de energias renováveis, como eólica, solar e biomassa. Por ter essa característica, o Brasil deve atrair investimentos, gerar empregos e se beneficiar com esse processo – que faz parte da mudança profunda na forma como as empresas vêm lidando de maneira cada vez mais estratégica em relação ao consumo e negociação de energia. 

Para as indústrias, isso significa maior acesso à energia limpa e renovável com preços competitivos, redução nas emissões de carbono em seus processos e engajamento nas exigências ambientais feitas pelo mercado. 

Para o Brasil, além de mais investimentos em tecnologia e criação de empregos, isso representa o aumento das exportações e a valorização das cadeias produtivas do país. Por ter uma matriz elétrica predominantemente renovável, o Brasil pode liderar esse processo de powershoring, assim como lidera as iniciativas para combustíveis obtidos a partir da biomassa. Com investimentos e políticas favoráveis, o país também pode consolidar sua posição como potência sustentável no cenário internacional.

Oportunidades da neoindustrialização

As possibilidades para o Brasil, a América Latina e o Caribe nesse modelo de neoindustrialização são tão grandes, que o conceito de powershoring foi criado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) a partir da identificação dessa janela de oportunidades para a região. O CAF enxergou que esses países podem atrair, principalmente, indústrias que fazem uso intensivo de energia e que estejam interessadas no consumo de matrizes limpas e na descarbonização de seus processos.

Outro benefício é a formação de novos ecossistemas empresariais, que levem a avanços tecnológicos tanto na área da energia quanto em diversas outras. Além disso, o powershoring tem potencial para impulsionar o desenvolvimento econômico em regiões menos favorecidas, onde a capacidade de produção de energia renovável é abundante. A instalação de indústrias nessas áreas não só cria empregos locais, mas também estimula o crescimento das comunidades, melhorando a infraestrutura e promovendo a inclusão social.

O conceito de powershoring anda lado a lado com estratégias de realocação das cadeias globais, como o reshoring, nearshoring e friendshoring (leia abaixo). Essas são iniciativas de reposicionamento das instalações produtivas, visando mitigar vulnerabilidades e fortalecer a resiliência dos países diante de crises, tendências que se intensificaram após a pandemia de Covid-19 e o conflito na Ucrânia.

Entenda algumas das tendências de neoindustrialização: 

Reshoring 

É o processo de retorno da produção de mercadorias ao país de origem da empresa. É o oposto do offshoring, que é o processo de fabricação de bens no exterior para tentar reduzir o custo da mão de obra e da fabricação.

Nearshoring 

É a estratégia das empresas de levar a produção para perto dos mercados onde seus produtos serão vendidos. Atualmente, o México é um grande exemplo de nearshoring, pois tem se tornado a principal escolha de empresas americanas que querem reduzir custos operacionais e de logística. Nos últimos anos, cerca de 80% da produção industrial do país têm como destino os EUA, segundo a Bloomberg Línea. 

Friendshoring

Refere-se ao encaminhamento das cadeias de abastecimento para países considerados política e economicamente seguros ou de baixo risco, para evitar perturbações no fluxo de negócios. É um movimento que ganhou relevância após a pandemia de Covid-19 e o início do conflito na Ucrânia.

Experiência em energia renovável 

Com 25 anos de atuação no setor elétrico brasileiro produzindo apenas energia de fontes renováveis, a AES Brasil mantém seu foco na contribuição para uma matriz energética sustentável, segura e com alta confiabilidade. Um dos propósitos da companhia é apoiar seus clientes na descarbonização de seus negócios, firmando parcerias com grandes empresas em modelos de autoprodução ou fornecimento de energia mais limpa de seus parques eólicos, solares e hidrelétricas por meio do Mercado Livre de Energia. 

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Certificados de Energia Renovável 

Confira quais são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e qual sua relação com a transição energética

A transição energética no Brasil é um processo repleto de oportunidades. Com abundantes recursos naturais renováveis, o país é um dos mais bem colocados no cenário global para liderar essa mudança. O tema tem tamanha importância para o futuro do planeta e da humanidade que “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos” é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciativa global da Organização das Nações Unidas (ONU).    

Os 17 ODS são divididos em 169 submetas, questões cruciais que precisam ser enfrentadas e resolvidas até 2030. A mudança para uma matriz energética mais limpa permeia muitas dessas questões. 

Confira a seguir como diversos ODS se relacionam com a transição energética:

1 – Erradicação da Pobreza: São diversas as formas como a pobreza atinge as pessoas. Uma delas é a pobreza energética, quando um recurso básico como a eletricidade não está disponível para todos. Ampliar o uso de energias renováveis é fundamental para melhorar as condições de vida de populações carentes. Além disso, energias mais limpas ajudam a reduzir os impactos das mudanças climáticas, como enchentes e secas extremas, que afetam fortemente as populações mais pobres e vulneráveis, dificultando seu desenvolvimento.   

2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável: A redução do uso de combustíveis fósseis está entre as práticas da agricultura sustentável, que busca uma produção de alimentos que preserve os recursos naturais e não comprometa o abastecimento das gerações futuras. Segundo relatório divulgado em 2023 pelo Observatório do Clima, a agropecuária foi o segundo setor que mais poluiu, sendo responsável por 27% das emissões nacionais de gases de efeito estufa.

Entre as tendências do uso de energias renováveis na agricultura estão a instalação de sistemas fotovoltaicos nas lavouras e a adesão das empresas do setor ao Mercado Livre de Energia, no qual podem escolher a fonte geradora da energia que consomem, entre elas a energia eólica e a solar. 

3 – Saúde e Bem-Estar: A poluição atmosférica é responsável por quase 7 milhões de mortes no mundo anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde. A mudança da matriz energética das frotas movidas a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, para combustíveis limpos trará impactos positivos para a saúde da população mundial. Também é importante a eletrificação de processos na indústria que ainda utilizam combustíveis fósseis. A expansão das energias renováveis pode reduzir gradativamente o uso de termoelétricas, altamente poluentes na geração de eletricidade. 

4 – Educação de Qualidade: Energia elétrica e acesso à internet são fundamentais para atingir esse objetivo. Esses dois itens podem parecer básicos, mas continuam longe da realidade em muitos lugares. Fontes energéticas limpas e renováveis podem ser mais acessíveis em localidades isoladas e mostram um caminho para mudar esse quadro. Um exemplo é a instalação de painéis solares onde a rede elétrica não chega.

6 – Água Limpa e Saneamento: O tratamento de água demanda grandes quantidades de energia elétrica para o acionamento dos sistemas de filtragem. Energia limpa e acessível pode ampliar a escala em que esse processo é feito. 

7 – Energia Acessível e Limpa: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos é um dos ODS.

8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico: Investimentos em energia limpa têm potencial para gerar empregos de qualidade e impulsionar o crescimento econômico sustentável. Por exemplo: só em 2023, o Brasil atraiu R$ 59,6 bilhões em investimentos na geração de energia solar fotovoltaica, criando 352 mil novos empregos, segundo a Associação Nacional de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Já a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) aponta que, entre 2010 a 2023, esse mercado atraiu investimentos na ordem de US$ 48,6 bilhões, além de gerar 11 postos de trabalho a cada MW instalado.

9- Indústria, Inovação e Infraestrutura: Inovações tecnológicas e infraestrutura sustentáveis podem ser impulsionadas com o uso de energia limpa. Já a indústria é um dos setores mais difíceis de descarbonização, e a adoção de energias renováveis se mostra fundamental para que essa área se desenvolva de maneira sustentável e com menos impacto no meio ambiente – e, consequentemente, no clima. 

10 – Redução das Desigualdades: Não adianta fazer uma transição para energias mais limpas se ela não for inclusiva. A redução das desigualdades no acesso à eletricidade é necessária para o sucesso da mudança da matriz energética global. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há um abismo de acesso aos serviços energéticos entre as classes sociais no país. O estudo, que usa dados de 2019 (os mais recentes disponíveis), aponta que o consumo de energia per capita no Brasil é de 660 quilowatts-hora (kwh) por ano. 

Quando falamos apenas dos consumidores mais pobres, com renda de até um salário mínimo, a demanda per capita anual cai para 371 kwh, equivalente a do Marrocos. Já entre os consumidores com renda na faixa de 20 salários mínimos, o consumo de energia é seis vezes maior, de 2.221 kwh por ano, comparado ao do Japão.

11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis: Atingir essa meta passa por ter menos emissões de poluentes com o uso de fontes de energia mais limpas, além de maior eficiência energética.

12 – Consumo e Produção Responsáveis: Utilizar energia de fontes renováveis é uma das formas de reduzir a pegada de carbono de consumidores, empresas e governos. Uma das metas desse ODS é incentivar as empresas, especialmente as de grande porte e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a incluir informações de sustentabilidade em seus relatórios anuais. Por exemplo, reportar as emissões de gases de efeito estufa emitidas em suas atividades, assim como as medidas adotadas para reduzir ou compensar essas emissões. 

13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima: As energias renováveis têm papel central na redução das emissões de gases geradores do efeito estufa e na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

15 – Vida Terrestre: O caminho para proteger ecossistemas terrestres passa pela redução da poluição e do uso de combustíveis fósseis, que são mais poluentes tanto no consumo quanto na sua produção. A energia limpa é associada a esses dois aspectos, que também contribuem para frear as mudanças climáticas, que têm impacto direto na preservação de algumas espécies de fauna e flora sensíveis aos eventos extremos. 

16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes: A redução da dependência de recursos fósseis deve resultar na mitigação de conflitos relacionados à sua exploração, como as guerras no Oriente Médio.

17 – Parcerias e Meios de Implementação: A cooperação internacional e as parcerias são essenciais para impulsionar a transição energética, que atualmente é tema central em encontros das lideranças mundiais como o G20.