Entenda o crescimento da energia solar, que bate recorde de investimentos no Brasil

O ano de 2024 começou com o país ultrapassando a marca de 39 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as duas formas de geração: centralizada (que são as usinas de grande porte) e distribuída (os sistemas de geração própria instalados em telhados).

O número representa 17% da matriz elétrica nacional e torna a fonte solar a 2ª principal do país, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo um levantamento da entidade, o país atraiu, no ano passado, R$ 59,6 bilhões em investimentos no setor – o que representa um aumento de 49% em relação a 2022. Foram 352 mil novos empregos somente em 2023. 

No acumulado de 2012 a 2023, a fonte solar recebeu investimentos de mais de R$ 179,5 bilhões e gerou cerca de 1,1 milhão de empregos, contabilizando as duas formas de geração. E o melhor: evitou que 45,2 toneladas de gás carbônico (CO2) fossem liberadas na atmosfera com a geração de eletricidade, aponta a Absolar. Por ser uma fonte limpa e renovável, que não emite gases poluentes e auxilia na redução das emissões de carbono, a energia solar tem um papel relevante na contenção da crise climática. 

Para 2024, a entidade prevê investimentos que poderão ultrapassar R$ 38,9 bilhões e mais de 9,3 GW de potência instalada adicionados ao sistema. O acumulado desde 2012 pode chegar a 45,5 GW, sendo 31 GW de geração distribuída e 14,4 GW de geração centralizada.

Geração distribuída puxa crescimento

O crescimento da energia solar é notório: passou de 8 megawatts (MW) de potência instalada em 2012, primeiro ano de registro desse mercado, para 37  GW em 2023. A contagem começou a valer em 2012 porque foi o ano em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou a resolução normativa 482, que permitiu aos consumidores fazerem uso da geração distribuída. 

A geração distribuída trata-se de usinas de pequeno porte, com capacidade instalada de até 5 MW, compostas por painéis solares que geram a própria energia em casas, condomínios, estabelecimentos ou pequenas empresas. São sistemas independentes, sem necessidade da rede de distribuição de energia elétrica, indicados, entre outros, para irrigação na agricultura e habitações de baixa renda, já que ajudam a reduzir custos. Também contribuem para melhorar a qualidade de vida de comunidades isoladas de locais remotos como ilhas e florestas. 

Nesse perfil de geração distribuída, a fonte solar adicionou 7,9 GW em potência instalada na matriz elétrica em 2023. Um acumulado de 25,6 GW de potência instalada – com investimento de R$ 128,4 bilhões e mais de 768,12 mil empregos desde 2012 em todo o país.

Já a geração centralizada – que são as usinas de grande porte com produção acima de 5 MW – começou a ser contabilizada em 2013, com o primeiro leilão  de contratação. Essa modalidade adicionou 4 GW na matriz elétrica em 2023. Um total de 11,4 GW de potência instalada desde 2012, com R$ 51 bilhões em novos investimentos e mais de 344,2 mil empregos acumulados no período. 

Estados líderes em geração centralizada

Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a matriz energética do país conta atualmente com 425 usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que somam 12.167 MW de capacidade instalada – quase a potência da usina de Itaipu. Elas estão presentes em todos os estados brasileiros e podem gerar e comercializar energia nos ambientes de contratação livre ou regulado. 

Devido à radiação solar, o Nordeste concentra a maior quantidade de fazendas solares e figura como maior produtor de energia solar entre as regiões do Brasil, com 55,57% da potência instalada. O Sudeste está em segundo lugar, com 42,99% da geração de energia solar. Já o Sul tem 0,54%. 

Entre os estados, segundo a Absolar, a maior potência instalada na geração centralizada é em Minas Gerais (MG), com 3.607 MW, seguido pela Bahia (BA), com 2.052 MW e Piauí (PI), com 1.460 MW. 

As usinas solares da AES Brasil estão todas no estado de São Paulo, e a de maior capacidade instalada é o Complexo Solar Guaimbê, com 150 MW. Em seguida, vem Ouroeste, com 179 MW, considerando o projeto AGV VII, cujas obras iniciaram em agosto de 2023 e têm duração estimada de 15 meses.

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Entenda como a luz do sol se transforma em energia

Produzida a partir da luz do sol, a energia solar resulta do efeito fotovoltaico: um fenômeno que acontece quando a luz incide sobre um material semicondutor e gera uma corrente elétrica. Os sistemas fotovoltaicos conseguem produzir energia não só em dias ensolarados, mas quando está frio, nublado e chovendo. A diferença é que, nesses últimos casos, a quantidade de energia gerada é menor. Já em dias muito quentes, as placas solares têm a eficiência reduzida, pois as altas temperaturas diminuem a tensão elétrica nos painéis fotovoltaicos, responsáveis por captar a luz do sol e convertê-la em eletricidade.