Saiba como é o programa de repovoamento de peixes em áreas de hidrelétricas

As atividades do setor elétrico envolvem ações de responsabilidade socioambiental nas regiões onde estão localizadas as usinas e complexos de geração de energia. No caso das hidrelétricas, que representam 50% das capacidade instalada da matriz elétrica nacional, o repovoamento de peixes é fundamental para manter o equilíbrio da biodiversidade local.

No entorno dos reservatórios da AES Brasil em Barra Bonita e Promissão, no interior de São Paulo, é realizado o Programa de Manejo Pesqueiro desde 1999. Por ano, são produzidos e repovoados cerca de 2,5 milhões de alevinos – como são chamados os filhotes de peixes.

O programa trabalha exclusivamente com espécies de peixes nativos da região: curimbatá, pacu-guaçu, piapara, dourado, tabarana e piracanjuba.  

“Um dos maiores benefícios deste programa é manter a biodiversidade nos reservatórios. Isso favorece a comunidade ribeirinha e os pescadores, que tiram o sustento no dia a dia para sua família”, explica Silvio Carlos Santos, analista de Meio Ambiente da AES Brasil.

Manutenção da biodiversidade

Até chegar na soltura dos alevinos nos reservatórios operados pela AES Brasil, há todo um processo que envolve uma equipe de biólogos e piscicultores. Parte dele acontece no laboratório de piscicultura, e a outra nos tanques de reprodução que ficam na unidade da empresa em Promissão.

“A minha função é trabalhar em todo o processo da produção dos alevinos, desde o trato dos animais, da alimentação, além de verificar a qualidade da água e também do manejo dos peixes”, conta Jônatas Emanuel, auxiliar de piscicultura.

Morador da região, Jônatas diz se sentir realizado com o trabalho no projeto e por contribuir para manter a vida nos rios. “Ver os peixinhos desde o zero, a gente criar, repovoar, soltar no rio, ver o rio com vida. Para mim é a melhor coisa que tem”, afirma.

O programa da AES Brasil também envolve ações educativas com alunos de escolas da região, que acompanham algumas das solturas de alevinos e aprendem sobre a biodiversidade e a importância da preservação das espécies dos rios.

Assista ao minidocumentário sobre o Programa de Manejo Pesqueiro:

Veja como é cada etapa da produção dos alevinos até o repovoamento

1 – Peixes reprodutores são criados em tanques com bastante água que seja de boa qualidade. A alimentação é balanceada e também é realizado controle sanitário.

2 – É feita uma seleção dos reprodutores que já tenham iniciado a liberação de ovos. As características de cada espécie são observadas para a reprodução em laboratório.

3 – Doses de hormônios – naturais e sintéticos – são liberadas para estimular os espermatozóides dos machos e os ovos das fêmeas. Os hormônios são necessários para o amadurecimento do aparelho reprodutor.

4 – No laboratório, os estímulos naturais são controlados e as condições, como taxa de oxigenação da água e iluminação, são adaptadas para o acasalamento dos peixes.

5 – Os gametas são liberados e misturados para a fecundação e hidratação dos ovos, que são coletados e transferidos para as incubadoras. Depois de até 5 dias, eles serão transferidos para tanques externos.

6 – As larvas de peixes são cultivadas em tanques externos e ficam nestes locais entre 45 e 90 dias. Quando se transformam em alevinos com tamanho de 10 cm, são transportados e soltos em áreas de reservatórios das usinas hidrelétricas.

7 – Os alevinos soltos no repovoamento ajudam a preservar espécies ameaçadas ou aquelas com declínio em sua população natural.