Hidrogênio verde no Brasil: custo de produção pode cair até 51% com incentivos

Otimizações técnicas, incentivos fiscais e regulatórios podem reduzir em mais da metade o custo de produção no Brasil do hidrogênio verde (H2V) – uma das apostas para minimizar as emissões de gases de efeito estufa em setores com difícil descarbonização, como transporte aéreo, marítimo, aço, fertilizantes e outros.

A informação é da consultoria do setor de energia renovável CELA (Clean Energy Latin America), que lançou o primeiro índice que mede o custo da produção do H2V, chamado de LCOH. Segundo o índice, em agosto de 2023, o custo para produção estava entre 2,87 e 3,56 dólares por quilo, dependendo da localização do projeto (os locais não foram detalhados no estudo).

Com os incentivos e a melhora técnica, os valores podem chegar à faixa de 1,69 a 1,86 dólares por quilo, altamente competitivos em relação ao hidrogênio cinza – produzido a partir da queima de combustíveis fósseis. Em agosto de 2023, o custo deste estava na faixa de 2,93 dólares por quilo.

Brasil tem potencial de mercado

Ainda de acordo com o índice, o Brasil tem potencial para se destacar na produção e consumo do hidrogênio verde, devido à alta capacidade para gerar energia renovável, principalmente eólica e solar. 

“O Brasil tem um potencial gigantesco de liderar esse novo mercado. As principais razões para isso são a disponibilidade de energia elétrica renovável e as características regionais. Além dos recursos hídricos abundantes e a dimensão do território, a oferta de sol e vento são fatores determinantes.” 

Alison Camargo, gerente de Hidrogênio Verde da AES Brasil

Além disso, o país tem o custo das energias renováveis competitivo em relação ao restante do mundo e possui as chamadas Zonas de Processamento de Exportação (ZPE), que são áreas de livre comércio com o exterior, com incentivos fiscais.

O que é o hidrogênio verde?

É um tipo de hidrogênio produzido a partir da divisão de moléculas de água, separando seus átomos de hidrogênio do átomo de oxigênio por meio de uma corrente elétrica gerada por fontes renováveis – como eólica, solar ou hídrica -, sem a emissão de gás carbônico. 

O H2V pode ser usado na indústria, na geração de energia elétrica e para abastecer veículos. Um estudo divulgado pela assessoria Deloitte aponta que “o hidrogênio verde pode redesenhar o mapa global de energia até o final da década, criando um mercado de US$ 1,4 trilhão por ano até 2050”.

“O hidrogênio verde pode ser utilizado em diversos processos industriais, seja como matéria prima, substituindo o hidrogênio cinza, ou como combustível substituindo as rotas fósseis como o gás natural e o carvão. Ele é um importante viabilizador da transição energética global, principalmente na descarbonização das operações de grandes segmentos industriais de como fertilizantes, mineração, siderurgia, aviação e transporte pesado.”

Alison Camargo, gerente de Hidrogênio Verde da AES Brasil

Matriz energética 

Um Projeto de Lei quer incluir o hidrogênio verde na Política Nacional Energética como elemento da matriz energética brasileira, com regulação própria. A proposta está em tramitação na Câmara dos Deputados e será analisada pelas comissões de Minas e Energia e de Constituição, Justiça e Cidadania.

A AES Brasil já iniciou estudos para a viabilidade de produção de H2 verde no Porto de Pecém, no Ceará, em uma área de 80 hectares. “A operação poderá chegar aos 2 GW de energia renovável, alcançando a produção de até 800 mil toneladas  de amônia verde por ano. O projeto prevê o início da operação comercial antes de 2030”, aponta Alison.

Acesse o informe completo do índice LCOH Brasil, da CELA.