Descubra o que é matriz elétrica e como é composta no Brasil

A matriz elétrica é o conjunto de fontes de energia que geram eletricidade. No Brasil, a predominância é de fontes renováveis, como hídrica, eólica e solar: mais de 84%, de acordo com Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Essa característica garante ao país uma posição de destaque no cenário global de energia, especialmente nesse momento de transição energética, pois tem menor dependência de combustíveis fósseis e, consequentemente, menores emissões de gases do efeito estufa.

Para entender mais o que é a matriz elétrica brasileira é preciso entender que ela é diferente da matriz energética – que é o conjunto de fontes de energia em geral – e conhecer as diversas fontes e como elas se dividem. As maiores fontes renováveis que compõem a matriz de energia elétrica brasileira são a hídrica (53,88%), eólica (15,22%), biomassa (8,31%) e solar (7,2%). Entre as fontes não renováveis, as maiores são: gás natural (8,78%), petróleo (3,92%) e carvão mineral (1,7%), segundo dados da ANEEL.

Líder em geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis entre os países do G20,  o grupo das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, o Brasil tem grande disponibilidade hídrica e rios perenes e fez grandes investimentos em usinas hidrelétricas. 

A vantagem dessa fonte é a oferta de energia limpa e o relativo baixo custo operacional das plantas. A menor emissão de gases geradores do efeito estufa (GEE) em relação a fontes não renováveis também é um dos pontos positivos e mais importantes em um cenário de descarbonização da economia mundial.

A dependência de fatores climáticos, como as chuvas, no entanto, pode atrapalhar a disponibilidade energética dessa fonte diante do aumento da frequência de eventos extremos, como as secas. Uma forma de evitar essa fragilidade e aumentar a segurança energética é a diversificação das fontes. O país vem investindo nesse caminho e mudando a forma como é composta a matriz elétrica brasileira. 

Qual o potencial eólico do Brasil?

A energia eólica, por exemplo, tem crescido significativamente no país. As regiões Nordeste e Sul têm grande potencial para a exploração desse tipo de fonte. Nos últimos anos, o país ficou atrás apenas da China e dos Estados Unidos no acréscimo de capacidade de geração de eletricidade pelo vento. 

O Brasil alcançou o número de mais de 1.000 usinas eólicas em operação, superando 30 GW de instalações totais. Essa fonte ganhou nos últimos anos o apoio de órgãos como o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério da Fazenda e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com a criação de políticas de impulso ao setor.

A nova fronteira para a geração de energia elétrica de fonte eólica no país está em alto-mar, na geração offshore. Antes mesmo de o marco legal do setor ser aprovado no Senado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) já havia recebido quase cem pedidos de licenciamento ambiental para projetos de geração de energia eólica offshore.

A biomassa também alcançou uma participação significativa na matriz elétrica brasileira. Processos como a combustão direta, a gasificação e a pirólise são utilizados para converter resíduos florestais, agropecuários e industriais em energia elétrica. O impacto ambiental desses processos é menor quando comparado ao uso de combustíveis fósseis, podendo até mesmo contribuir para a mitigação das mudanças climáticas com o sequestro de carbono. Uma vantagem colateral da utilização da biomassa é a contribuição para a gestão de resíduos, como os urbanos.

O boom da energia solar

O ano de 2024 começou com o país ultrapassando a marca de 39 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as duas formas de geração: centralizada (que são as usinas de grande porte) e distribuída (os sistemas de geração própria instalados em telhados).

No acumulado de 2012 a 2023, a fonte solar recebeu investimentos de mais de R$ 179,5 bilhões e gerou cerca de 1,1 milhão de empregos, contabilizando as duas formas de geração, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Também evitou que 45,2 toneladas de gás carbônico (CO2) fossem liberadas na atmosfera com a geração de eletricidade nesse mesmo período.

Neste ano, só a geração de eletricidade dos painéis solares de residências e estabelecimentos comerciais atingiu a capacidade instalada equivalente a três usinas hidrelétricas de Itaipu, afirma a Absolar. 

Tecnologias para geração de energia renovável

A transição, diversificação e sustentabilidade energética no Brasil é impulsionada por tecnologias mais eficientes e acessíveis para geração de energia solar, eólica e biomassa que estão se tornando cada vez mais competitivas, permitindo a expansão dessas fontes na matriz elétrica. 

Os avanços se estendem para sistemas de armazenamento de energia, como as usinas hidrelétricas reversíveis, que permitem o armazenamento da energia gerada em momentos de excedente, garantindo o fornecimento em períodos de maior demanda. Nos últimos anos, também se destacam sistemas de gestão inteligentes que permitem otimizar a operação da rede elétrica, integrando diferentes fontes de energia e garantindo a estabilidade do sistema.

A AES Brasil realiza projetos que não apenas reduzem emissões, mas também promovem o desenvolvimento sustentável. A companhia gera energia 100% renovável, com parques eólicos que emitem créditos de carbono. Em 2022, a empresa comercializou esses créditos pela primeira vez.