Energia elétrica

Quase 50% dos PPAs de energia solar e eólica ocorreram nas Américas em 2023

Globalmente, os contratos de compra de energia, os chamados PPAs (Power Purchase Agreement) cresceram 12%, em 2023, com a maioria dos anúncios feitos no continente americano, cerca de 45% (20,9 GW), segundo o estudo Perspectivas do Mercado Corporativo de Energia para o 1º semestre de 2024,  da BloombergNEF. A Europa ficou em segundo lugar, com 33% dos contratos (15,4 GW) e o maior crescimento registrado entre todas as regiões.

Entre 2022 e 2023, o número de PPAs corporativos cresceu 74% no continente europeu, passando de 8,8 GW para 15,4 GW. A queda no valor médio dos contratos e a regularização de problemas de abastecimento são os motivos apontados na pesquisa. 

Os PPAs são contratos de longo prazo entre um cliente – geralmente empresas que necessitam de grandes quantidades de eletricidade – e uma geradora de energia elétrica de fonte renovável. Esse tipo de acordo comercial é feito com valores de tarifa prefixados, por períodos que vão de cinco a vinte anos, o que pode representar economia substancial para o consumidor.   

Existem dois tipos de instalação para os PPAs, On-site e Offsite. Os PPAs On-site fornecem eletricidade para a rede interna do cliente a partir de uma instalação fotovoltaica no local. Com isso, o cliente deixa de consumir energia externa e obtém uma tarifa mais vantajosa. O projeto, o investimento e a manutenção são de responsabilidade do fornecedor. 

Os PPAs Offsite, por sua vez, são contratos relacionados a uma instalação fotovoltaica ou a um parque eólico conectados à rede de energia elétrica regular do país ou região. Assim, a energia fornecida ao consumidor vem de um projeto que se liga à rede. Essa modalidade é comum quando o cliente não tem condições ou espaço apropriados para a montagem de uma instalação local.    

O que as empresas ganham com os PPAs?

  • Maior previsibilidade dos gastos com energia, pois os valores são prefixados. O preço tem mais relação com o custo da geração do que com o valor de mercado, o que resulta na redução de custos.
  • No caso da autoprodução, é possível ter isenção de alguns encargos, o que reduz o custo final de energia. Além disso, determinados projetos têm descontos de 50% nas tarifas de uso do sistema de distribuição.
  • Segurança de fornecimento, pois os contratos são feitos com empresas experientes na geração e distribuição de energia. 
  • Flexibilidade. Os contratos de longo prazo são altamente customizáveis.

No ano passado, 46 GW em projetos de energia solar e eólica foram contratados por empresas em todo o mundo. Em 2022, esse número foi de 41 GW. As empresas de tecnologia — como Amazon, Meta e Google — são as maiores compradoras.

Segundo os autores do estudo, a ascensão da inteligência artificial e a eletrificação dos meios de transportes levam à necessidade do aumento da produção, o que deve gerar maior procura por energia limpa contratada via PPAs. 

A BloombergNEF estima que as empresas com metas de energia 100% limpa como parte da iniciativa RE100, um programa corporativo global, necessitarão de 105 GW adicionais de energia solar e eólica até 2030. Este número é ainda maior quando se consideram todas as empresas.

Desde 2008, os acordos de PPAs somam mais de 198 GW de energia solar e eólica, segundo a BloombergNEF. Esse montante supera a capacidade de geração de energia de países como a Coreia do Sul, França e Reino Unido. Trata-se de um mercado que cresceu 33%, em média, desde 2015.

O estudo da BloombergNEF também aponta que 2023 foi o sétimo ano em que o mercado de PPAs bateu um novo recorde. Entre os motivos apontados para os bons resultados nesse mercado estão a recuperação da economia mundial após a pandemia de Covid-19 e o avanço das metas de contratação de energia limpa das empresas. 

Os dados de 2022 já apontavam um crescimento de 18% no número de contratos nas Américas, com um aumento significativo nos Estados Unidos e na América Latina. Naquele ano, o continente foi responsável por 24 GW contratados em energia renovável via PPAs.  

AES Brasil: ampla experiência com PPAs

A AES Brasil, parte da AES Corporation, uma das maiores geradoras e comercializadoras de energia do mundo, é referência nacional em fontes renováveis. Tem ampla experiência com PPAs, atendendo clientes de grande porte no Brasil todo e contribuindo para a transformação do setor energético brasileiro. 

Combustível do futuro: entenda como é produzido o hidrogênio verde

Fonte de energia com enorme potencial de acelerar a transição energética, o hidrogênio verde (também chamado de H2V) é considerado o combustível do futuro. O estudo “Perspectivas globais para o hidrogênio verde 2023: Energizando o caminho para a descarbonização”, realizado pela consultoria Deloitte, aponta que o hidrogênio verde pode redesenhar o mapa global de energia e criar um mercado de US$ 1,4 trilhão por ano até 2050. 

Isso porque ele é tido como fundamental para a descarbonização da economia, uma das metas do Acordo de Paris. O documento, assinado por 195 países na COP21, é um compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para limitar o aumento da temperatura global em 1.5°C acima dos níveis pré-industriais até o final deste século. 

Entretanto, relatório da Organização das Nações Unidas lançado dias antes da COP28, conferência do clima mais recente, realizada em Dubai, aponta que, no cenário mais otimista, a probabilidade de atingir essa meta é de apenas 14%.

“O principal benefício por trás da rota de produção do hidrogênio verde é que podemos obter uma matéria-prima livre de emissões de gases de efeito estufa e que tem todas as características necessárias para a substituição de matérias-primas obtidas de combustíveis fósseis”, comenta Alison Camargo, gerente de Hidrogênio Verde da AES Brasil. Ele complementa que o H2V será um importante viabilizador da descarbonização das operações de segmentos industriais de difícil eletrificação, tais como fertilizantes, mineração, siderurgia, aviação e transporte pesado..

Como é produzido o hidrogênio verde?

A produção de hidrogênio verde é feita a partir de um processo chamado eletrólise, em que uma corrente elétrica — gerada por fontes renováveis como hídrica, eólica ou solar — separa os átomos de hidrogênio do átomo de oxigênio na composição da água (H2O). O resultado é um gás inflamável, sem cor, sem cheiro e altamente volátil. 

Ele não precisa ser usado imediatamente após ser produzido, podendo ser armazenado, transformado em eletricidade ou utilizado para produção de outros derivados como a amônia e combustíveis sintéticos. Uma vez que o hidrogênio e seus derivados podem ser transportados por longas distâncias, ele se torna um vetor energético, ou seja, ao transportamos hidrogênio ou seus derivados estamos na verdade levando energia renovável a locais onde há alta demanda por esse recurso.

Qual o impacto do hidrogênio verde no meio ambiente e na economia?

Como o  hidrogênio verde não emite gases poluentes na produção e na combustão, caso fosse amplamente utilizado, seriam 830 milhões de toneladas de gás carbônico a menos liberadas na atmosfera, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

O já citado estudo da Deloitte sugere que o combustível do futuro poderia também fomentar até 1 milhão de novos empregos por ano, até 2030. O ritmo pode dobrar nas duas décadas seguintes, com impactos importantes para a “prosperidade ambiental, econômica e social”.

Desafios da produção de hidrogênio verde no Brasil

Ainda são muitos os desafios quando se fala na produção de hidrogênio verde em larga escala no país, explica Camargo, da AES Brasil. Para que esse novo mercado seja consolidado, a principal barreira é o custo. Mas o especialista acredita que o apetite do mercado com relação ao H2V deve aumentar quando as metas de redução de emissões de gases do efeito estufa se tornarem ainda mais arrojadas. 

Alison Camargo elenca também as restrições na capacidade do sistema de transmissão para escoamento de energia para grandes projetos de hidrogênio verde, além da necessidade do amadurecimento das regras de certificação de hidrogênio, da regulação e do estabelecimento de políticas públicas estratégicas para seu desenvolvimento. 

Às vésperas da COP28, em novembro de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 2308/2023, chamado de PL do hidrogênio. O texto regulamenta a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono e prevê incentivos federais tributários. Atualmente, a proposta está em tramitação no Senado Federal. 

Matriz elétrica brasileira contribui para a produção de hidrogênio verde

Apesar dos desafios, Alison aponta que o Brasil tem tudo para liderar o mercado de hidrogênio verde. “Temos uma matriz elétrica robusta e limpa com alta disponibilidade de recursos renováveis, e esta matriz cresce anualmente com a instalação de novos parques de energia eólica e solar. Também temos abundância de recursos hídricos e um território de grandes dimensões, com um imenso potencial de vento e sol. É a combinação de todos estes elementos naturais que nos torna uma grande potência mundial na produção de hidrogênio verde.”

Fontes: https://megawhat.energy/verbetes/69733/hidrogenio-verde

https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-569/Hidroge%CC%82nio_23Fev2021NT%20(2).pdf

https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/about-deloitte/articles/perspectivas-hidrogenio.html

Entenda o crescimento da energia solar, que bate recorde de investimentos no Brasil

O ano de 2024 começou com o país ultrapassando a marca de 39 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as duas formas de geração: centralizada (que são as usinas de grande porte) e distribuída (os sistemas de geração própria instalados em telhados).

O número representa 17% da matriz elétrica nacional e torna a fonte solar a 2ª principal do país, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo um levantamento da entidade, o país atraiu, no ano passado, R$ 59,6 bilhões em investimentos no setor – o que representa um aumento de 49% em relação a 2022. Foram 352 mil novos empregos somente em 2023. 

No acumulado de 2012 a 2023, a fonte solar recebeu investimentos de mais de R$ 179,5 bilhões e gerou cerca de 1,1 milhão de empregos, contabilizando as duas formas de geração. E o melhor: evitou que 45,2 toneladas de gás carbônico (CO2) fossem liberadas na atmosfera com a geração de eletricidade, aponta a Absolar. Por ser uma fonte limpa e renovável, que não emite gases poluentes e auxilia na redução das emissões de carbono, a energia solar tem um papel relevante na contenção da crise climática. 

Para 2024, a entidade prevê investimentos que poderão ultrapassar R$ 38,9 bilhões e mais de 9,3 GW de potência instalada adicionados ao sistema. O acumulado desde 2012 pode chegar a 45,5 GW, sendo 31 GW de geração distribuída e 14,4 GW de geração centralizada.

Geração distribuída puxa crescimento

O crescimento da energia solar é notório: passou de 8 megawatts (MW) de potência instalada em 2012, primeiro ano de registro desse mercado, para 37  GW em 2023. A contagem começou a valer em 2012 porque foi o ano em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou a resolução normativa 482, que permitiu aos consumidores fazerem uso da geração distribuída. 

A geração distribuída trata-se de usinas de pequeno porte, com capacidade instalada de até 5 MW, compostas por painéis solares que geram a própria energia em casas, condomínios, estabelecimentos ou pequenas empresas. São sistemas independentes, sem necessidade da rede de distribuição de energia elétrica, indicados, entre outros, para irrigação na agricultura e habitações de baixa renda, já que ajudam a reduzir custos. Também contribuem para melhorar a qualidade de vida de comunidades isoladas de locais remotos como ilhas e florestas. 

Nesse perfil de geração distribuída, a fonte solar adicionou 7,9 GW em potência instalada na matriz elétrica em 2023. Um acumulado de 25,6 GW de potência instalada – com investimento de R$ 128,4 bilhões e mais de 768,12 mil empregos desde 2012 em todo o país.

Já a geração centralizada – que são as usinas de grande porte com produção acima de 5 MW – começou a ser contabilizada em 2013, com o primeiro leilão  de contratação. Essa modalidade adicionou 4 GW na matriz elétrica em 2023. Um total de 11,4 GW de potência instalada desde 2012, com R$ 51 bilhões em novos investimentos e mais de 344,2 mil empregos acumulados no período. 

Estados líderes em geração centralizada

Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a matriz energética do país conta atualmente com 425 usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que somam 12.167 MW de capacidade instalada – quase a potência da usina de Itaipu. Elas estão presentes em todos os estados brasileiros e podem gerar e comercializar energia nos ambientes de contratação livre ou regulado. 

Devido à radiação solar, o Nordeste concentra a maior quantidade de fazendas solares e figura como maior produtor de energia solar entre as regiões do Brasil, com 55,57% da potência instalada. O Sudeste está em segundo lugar, com 42,99% da geração de energia solar. Já o Sul tem 0,54%. 

Entre os estados, segundo a Absolar, a maior potência instalada na geração centralizada é em Minas Gerais (MG), com 3.607 MW, seguido pela Bahia (BA), com 2.052 MW e Piauí (PI), com 1.460 MW. 

As usinas solares da AES Brasil estão todas no estado de São Paulo, e a de maior capacidade instalada é o Complexo Solar Guaimbê, com 150 MW. Em seguida, vem Ouroeste, com 179 MW, considerando o projeto AGV VII, cujas obras iniciaram em agosto de 2023 e têm duração estimada de 15 meses.

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Entenda como a luz do sol se transforma em energia

Produzida a partir da luz do sol, a energia solar resulta do efeito fotovoltaico: um fenômeno que acontece quando a luz incide sobre um material semicondutor e gera uma corrente elétrica. Os sistemas fotovoltaicos conseguem produzir energia não só em dias ensolarados, mas quando está frio, nublado e chovendo. A diferença é que, nesses últimos casos, a quantidade de energia gerada é menor. Já em dias muito quentes, as placas solares têm a eficiência reduzida, pois as altas temperaturas diminuem a tensão elétrica nos painéis fotovoltaicos, responsáveis por captar a luz do sol e convertê-la em eletricidade. 

Descubra como Energy as a Service e Open Energy ajudam a colocar o cliente no centro 

A relação dos consumidores com o mercado de energia elétrica está mudando. Iniciativas como Energy as a Service (EaaS) e Open Energy colocam o cliente no centro da relação, conferindo mais autonomia e empoderando-o na hora de contratar um serviço de fornecimento. E, graças a investimentos em inovação e tecnologia, essa transformação tende a acontecer ainda mais rapidamente. Entenda como cada um desses serviços funciona: 

Energy as a Service (EaaS)

É um modelo de negócio que oferece soluções completas e personalizadas para fornecimento, gestão e eficiência de energia elétrica, com o cliente no centro, em vez de apenas vender energia como uma commodity. Desta forma, o consumidor tem mais autonomia para pagar por serviços energéticos fornecidos por terceiros, em vez de investir em equipamentos e infraestrutura para a geração de energia elétrica, como instalação de painéis solares. Geralmente, é um serviço oferecido por assinatura, com um pagamento recorrente estabelecido em contrato. 

Apesar do Energy as a Serviceainda estar em estágios iniciais, já se vislumbram exemplos que incluem as instalações energéticas compartilhadas, que permitem aos clientes consumirem a energia gerada ou armazenada em instalações de empresas especializadas, pagando apenas pelos serviços energéticos consumidos. Outra frente são as soluções de eficiência energética para edifícios e instalações industriais, com sensores inteligentes, monitoramento remoto e otimização do consumo.

Projeção da Marketing Research Future, empresa global de pesquisa de mercado, estima que o modelo de negócios de EaaS deverá crescer de US$ 74,03 bilhões em 2023 para US$ 125,54 bilhões até 2030, com uma taxa composta de crescimento anual de 9,20% durante esse período.

Open Energy

É um conceito similar ao Open Banking: refere-se à abertura e interoperabilidade de dados dos sistemas de energia. Isso permite maior transparência, acessibilidade e colaboração entre os diversos participantes do mercado de energia elétrica – sempre com o cliente no centro da relação. 

Se colocado em prática de forma ampla, o Open Energy pode promover a integração de tecnologias, dados e processos, buscando a otimização e maior eficiência do sistema energético como um todo. O Open Energy pode criar também mercados de energia descentralizados, resultando em maior autonomia na alocação de recursos energéticos.

Abertura de mercado

A abertura do Mercado Livre de Energia para todos os consumidores conectados à alta tensão, efetivada no início deste ano, é vista pelo setor como um marco importante no avanço do conceito de Energy as a Service (EaaS). Em vez de serem simplesmente consumidores passivos – sem autonomia de escolha, como ocorre no mercado regulado –, no ambiente de contratação livre  os clientes são protagonistas e negociam ativamente para otimizar o seu consumo energético, o que resulta na redução de custos e do impacto ambiental.  

Ao se permitir, no modelo de Energy as a Service, a contratação de provedores que operam e mantêm infraestruturas energéticas em um modelo horizontal e distribuído, amplia-se o espaço para a criação de ofertas personalizadas, alinhadas aos objetivos e preferências de cada consumidor — como já ocorre hoje no mercado livre —, o que impulsionaria ainda mais a evolução do setor. 

Digitalização do setor 

Nada disso seria possível sem o avanço da tecnologia e a transformação digital no setor de energia no Brasil, explica a gerente de P&D e Inovação da AES Brasil, Julia da Rosa Howat Rodrigues. A Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial (IA), por exemplo, aumentam a eficiência energética, melhorando a entrega de energia e reduzindo desperdícios, explica.  

Julia cita relatórios que indicam potencial de economia de 20% em despesas operacionais, além de ganhos de 20% a 40% em produtividade, segurança e compliance gerados pela digitalização do setor elétrico

Entre os avanços tecnológicos que já são realidade, a gerente destaca os medidores inteligentes, que permitem o monitoramento e o gerenciamento mais assertivo do consumo de energia elétrica, e o uso da Inteligência Artificial na previsão de demanda e detecção de falhas em tempo real. 

“A Web3 e o blockchain desempenham papel crucial na criação de uma infraestrutura energética mais conectada e adaptável, promovendo uma rede elétrica mais inteligente, resiliente e com maior eficiência”, completa.

A AES Brasil está atenta aos avanços do setor elétrico e investe de forma constante e estratégica em inovação, buscando sempre soluções customizadas para seus clientes. Nos últimos 10 anos, foram mais de R$ 90 milhões aplicados em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, sendo a primeira empresa do setor a utilizar o recurso regulado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para investir em startups, em 2016. 

Além de oferecer energia 100% renovável e segura, nosso portfólio de inovação oferece novos produtos que auxiliam na jornada de descarbonização das empresas, permitindo autonomia e redução de custos.

Estratégias ESG, um desafio cheio de oportunidades para o setor de mineração e siderurgia

O setor de mineração e siderurgia tem um desafio à sua frente: adequar cada vez mais suas estratégias ESG, a já conhecida sigla que define as ações com foco nas áreas de Meio Ambiente, Social e de Governança Empresarial. Se o caminho exige esforço das empresas, é também repleto de oportunidades para seguir avançando. 

Uma boa notícia é que o setor e a sociedade estão em sintonia. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), mais de 90% das indústrias do setor já aderem às ações relacionadas à aplicação dos princípios ESG. Na outra ponta, pesquisa recente realizada pelo Google, em parceria com a plataforma MindMiners, revela que a importância de as empresas atuarem de forma responsável é reconhecida por 83% dos entrevistados, o que reflete a crescente demanda por transparência, ética e compromisso socioambiental.

Manter esse alinhamento e avançar nas práticas ESG exigirá investimentos especialmente no pilar ambiental. Em sua jornada rumo à sustentabilidade, as empresas têm na descarbonização seu maior desafio. As emissões de CO₂ do setor são responsáveis por cerca de 8% do total dos gases geradores do efeito estufa em escala mundial. 

Em um cenário em que surgem medidas como, por exemplo, o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), que impõe balizas logísticas e financeiras para a importação de produtos siderúrgicos pela União Europeia, o tamanho do desafio só cresce. Especialistas dizem que as soluções passarão, cada vez mais, por investimentos na transformação digital. As empresas que incorporarem tecnologias inovadoras para otimizar operações e minimizar impactos ambientais terão uma vantagem competitiva significativa.  

No campo social, o caminho pode ser menos íngreme, mas precisa ser percorrido com consistência. Entre as possibilidades de avanço para o setor estão a promoção de discussões sobre temas como diversidade e inclusão, uma maior preocupação com a saúde física e mental dos colaboradores, a promoção da sustentabilidade na cadeia de suprimentos e relações de trabalho mais saudáveis. 

As empresas de mineração e siderurgia também devem olhar para o público externo, uma vez que suas atividades trazem impactos para as comunidades vizinhas aos empreendimentos. Isso significa oportunidades para o desenvolvimento de programas de voluntariado dentro das empresas, para atuação em favor da sociedade, e a necessidade de uma maior escuta às comunidades, a fim de pautar o desenvolvimento de projetos de investimento social privado consistentes e alinhados à estratégia de ESG da empresa.Por fim, no âmbito da Governança, a implementação de boas práticas de compliance tem gerado respostas positivas dos investidores. Essas iniciativas são amplamente reconhecidas como um esforço positivo das empresas do setor para demonstrar compromisso com a saúde financeira da companhia. É fundamental para o setor de mineração e siderurgia adotar medidas transparentes e conformes para ganhar a confiança dos investidores e da sociedade. Os indicadores de desempenho ESG são ferramentas essenciais para monitorar e avaliar o progresso nesse sentido.

Previsões de crescimento do Mercado Livre de Energia com a abertura em 2024

A recente abertura do Mercado Livre de Energia para todas as empresas conectadas à alta tensão — sem limite mínimo de demanda — deve resultar em um salto na participação desse mercado no consumo total de eletricidade no país. A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) calcula que a nova regra abre espaço para 165 mil unidades consumidoras com potencial para migração, e estima que o número de consumidores no mercado livre pode triplicar nos próximos anos.  

Encaixam-se no grupo beneficiado pela abertura pequenas indústrias, padarias, supermercados, condomínios e postos de gasolina com demanda inferior a 500 kW — o que se traduz em faturas de R$ 5 mil por mês, em média. Caso as previsões no número de migrações se confirmem, a participação do Mercado Livre de Energia no consumo nacional de eletricidade pode aumentar dos atuais 37% para 48%. 

Dados atualizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de janeiro apontam que mais de 14,6 mil consumidores — em sua maioria empresas beneficiadas pela abertura — já informaram às distribuidoras no mercado regulado que vão migrar para o Mercado Livre de Energia entre 2024 e 2025. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) trabalha com a previsão de que, até o final de 2024, devem ocorrer mais de 25 mil migrações.

Ao contrário do mercado regulado, no qual o cliente só pode consumir a energia fornecida pela distribuidora local, no ambiente de contratação livre é possível escolher o fornecedor e negociar, diretamente, preços, prazos e outras condições comerciais. Os contratos são mais flexíveis e, dependendo da região onde se encontra o consumidor, a fatura de energia elétrica pode ficar até 35% mais barata. 

Outra vantagem para as empresas no Mercado Livre de Energia é a previsibilidade de gastos, pois os preços e índices de reajuste anual são definidos em contrato — evitando surpresas com bandeiras tarifárias e revisões da Aneel, típicas do mercado regulado. 

O consumidor do mercado livre decide também o tipo de energia que quer comprar, incluindo de fontes renováveis — como eólica, solar, hídrica ou biomassa. Para fazer a migração, a empresa precisa notificar a distribuidora faltando seis meses para o vencimento de seu contrato. 

Participação por estado

Segundo dados do Boletim Mensal da Abraceel divulgado em dezembro, o Pará era o estado com maior participação no Mercado Livre de Energia, com 52%, seguido por Minas Gerais (51%) e pelo Paraná (43%). 

Com a abertura, a Aneel aponta em seu Relatório de Migração Potencial do Ambiente de Contratação Livre que 182 novas unidades consumidoras migrem no Pará, 788 em Minas Gerais e 952 no Paraná somente em 2024. 

Mercado Livre de Energia: como funciona a migração?

Os novos consumidores, com demanda abaixo de 500 kW, precisam, necessariamente, serem representados perante a CCEE por um comercializador varejista no mercado livre. É ele quem vai cuidar de toda a burocracia no processo de migração e fazer as operações comerciais conforme definido em contrato com o consumidor. 

Geradoras como a AES Brasil ainda contam com uma equipe especializada que vai analisar as demandas de consumo do cliente e buscar as condições mais vantajosas para contratação de energia no mercado livre, onde a concorrência estimula a criação de novos produtos e aumenta a oferta com preços mais competitivos. 
Sua empresa atende aos requisitos e tem interesse em migrar para o Mercado Livre de Energia? Acesse nossa página e saiba como.

Qual o custo e as consequências das mudanças climáticas?

Termômetros marcando calor recorde, secas comprometendo as safras e chuvas torrenciais causando mortes, deixando famílias desabrigadas, entre muitos outros transtornos. Essas são algumas das consequências das mudanças climáticas já sentidas no Brasil e no mundo. Além do forte impacto no planeta e na vida das pessoas e comunidades, os eventos extremos refletem também na economia e no desenvolvimento de nações inteiras.  

Durante o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, realizado em fevereiro de 2024 no Brasil, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, apontou que o impacto das mudanças climáticas na economia tem custos estimados de US$ 22 bilhões por ano e que esses eventos podem levar mais de 3 bilhões de pessoas à pobreza.

Um relatório publicado no fim de 2023 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que “o progresso na adaptação climática está desacelerando, quando deveria estar acelerando para acompanhar os crescentes impactos da mudança climática e seus riscos para as pessoas, a natureza e a economia mundial”. Conforme o relatório global, os fundos necessários nesta década para adaptação aos efeitos da mudança climática devem ser entre US$ 215 bilhões e US$ 387 bilhões por ano.

Já a Aon, que faz consultoria em gerenciamento de riscos e corretagem de seguros, aponta números ainda mais alarmantes. Segundo a estimativa da agência, somente nos primeiros nove meses de 2023, os prejuízos da crise climática chegaram a US$ 295 bilhões (R$ 1,458 trilhão) em todo o mundo. No Brasil, as perdas alcançaram US$ 555 milhões (R$ 2,743 bilhões). 

O ano de 2023 foi considerado o mais quente da história do planeta, com destaque para o mês de outubro, que registrou temperaturas 1,7°C acima do normal — a referência é o período pré-industrial (1850-1900). Segundo a comunidade científica, a combinação do aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera com a ocorrência do El Niño está por trás dos eventos climáticos extremos que temos vivenciado recentemente. O fenômeno, que acontece em uma frequência de dois a sete anos e dura cerca de 12 meses, aquece as águas do Oceano Pacífico, o que se reflete no aumento da temperatura global.

A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o calor dos oceanos e o derretimento das geleiras fizeram com que o nível do mar aumentasse 4,62 milímetros por ano entre 2013 e 2022. Com esse aumento, vêm as inundações que ameaçam comunidades que vivem perto do mar.

O que tem causado as mudanças climáticas?

Um documento da ONU sobre as causas e efeitos das mudanças climáticas aponta que a geração de eletricidade e calor pela queima de combustíveis fósseis – como carvão e petróleo – é responsável por boa parte das emissões globais. “No mundo todo, apenas um quarto da eletricidade é gerada por vento, sol e outros recursos renováveis que, ao contrário dos combustíveis fósseis, emitem pouco ou nenhum gás de efeito estufa ou poluente no ar.”

Outro ponto que contribui para a crise climática é a fabricação de produtos, considerada uma das maiores emissoras de gases de efeito estufa do planeta por conta da queima de combustíveis e de outros processos industriais. O dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa também são liberados na hora de produzir alimentos, quando há desmatamento para limpeza de terras, por exemplo. 

Mudanças no uso da terra resultam em um quarto das emissões no mundo todo. A ONU afirma que, se mantido o ritmo de destruição de 12 milhões de hectares de florestas por ano, isso afetará dramaticamente a capacidade global de redução das emissões. 

Além disso, o uso de transportes como carros, caminhões, navios e aviões, que precisam de combustíveis fósseis, também tem um impacto importante na crise climática. 

Como a mudança no clima vai nos afetar

O impacto da crise climática é observado de muitas formas. De acordo com a ONU, a crise afeta nossa saúde, nossa capacidade de cultivo de alimentos, nossa forma de habitar o planeta e nossa segurança. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que é preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, em comparação aos níveis de 2019. Somente assim será possível limitar o aumento da temperatura a 1,5°C  até o fim do século para evitar piores consequências e manter o planeta habitável

Como evitar as mudanças climáticas? 

A prevenção de mudanças climáticas é um dos maiores desafios enfrentados atualmente. A troca dos sistemas de energia de combustíveis fósseis para fontes renováveis, como energia solar e eólica, estão entre os caminhos apontados para reduzir a emissão de gases de efeito estufa – contribuindo para conter o aquecimento global. 

O Brasil leva vantagem nesse aspecto pela abundância de recursos naturais para a geração de energia renovável. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia hídrica corresponde a 49,9% da capacidade instalada na matriz elétrica, seguida pela solar fotovoltaica (15,8%) e eólica (12,2%). Atuam no país empresas como a AES Brasil, que trabalha exclusivamente com a geração de energia de fontes renováveis, colaborando para a redução das emissões de gases de efeito estufa de seus clientes. Mesmo com esforço, as consequências das mudanças climáticas já estão sendo observadas e vivenciadas. Por isso, é preciso uma adaptação para lidar da melhor forma possível com os impactos que já existem e com os que ainda virão.

Transformação digital, IA e inovação no setor de energia: conheça as tendências para 2024

A abertura do Mercado Livre de Energia demanda soluções inovadoras para reduzir custos, aproximar comercializadoras e clientes e tornar a rede elétrica mais eficiente, renovável e tecnológica. Esses e outros temas estão no radar das tendências para o setor elétrico em 2024, impulsionados pelos avanços em análise de dados e inteligência artificial.

Para traçar um cenário da transformação digital do setor, o blog conversou com a gerente de P&D e Inovação da AES Brasil, Julia da Rosa Howat Rodrigues. “A transformação digital no setor de energia no Brasil está em ascensão, promovendo eficiência operacional, sustentabilidade e serviços personalizados”, diz Julia. Confira:   

Quais tendências merecem destaque em inovação no setor de energia em 2024? 

A digitalização do setor é uma delas, com certeza. Com a abertura de mercado, desponta a necessidade de trazer maior inteligência, por meio de soluções tecnológicas e inovadoras, para aproximar clientes e comercializadoras e reduzir custos. A transformação digital busca tornar a rede elétrica mais eficiente, renovável e tecnológica, o que inclui a implementação de redes inteligentes, que permitem aos consumidores gerenciar o consumo em tempo real — e impulsiona as comercializadoras para além da compra e venda de energia.

Os avanços em inteligência artificial (IA) e análise de dados permitirão ganhos crescentes no mercado livre, onde os comercializadores terão acesso a mais informações, podendo criar produtos específicos que atendam às particularidades do uso de energia de cada cliente.

Outra forte tendência é a eletrificação do consumo, especialmente no setor de transportes, vista como crucial para atingir metas de redução de emissões [de gases de efeito estufa]. Apesar dos desafios, avanços tecnológicos e pressões ambientais aumentam a urgência na mudança de paradigma.

O hidrogênio verde também merece atenção, pois é visto como um catalisador para a transição energética mais rápida — especialmente nos setores de difícil descarbonização. Ele é considerado fundamental para a reestruturação do setor elétrico e está incluído no Plano Nacional de Energia 2050. Com a regulamentação dos mercados de carbono e de hidrogênio, em discussão no Brasil, o tema ganha relevância. 

A transformação digital do setor elétrico está avançando no país? Em quais áreas especialmente? 

Com certeza, principalmente quando falamos de dados. Até pouco tempo atrás, não se tinha acesso a sistemas de armazenamento de grande volume de dados. Hoje, já é possível o armazenamento em nuvem de grandes históricos de dados que são coletados e processados em intervalos muito curtos, até mesmo de segundo em segundo, o que traz infinitas possibilidades de desenvolvimento, seja para análise da operação ou até para aplicação de IA na previsibilidade e antecipação de eventos.

O uso de tecnologias como Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) tem impulsionado o rápido crescimento de dispositivos ativos — que coletam dados e respondem de forma inteligente ao usuário —, estimando-se mais de 25,4 bilhões até 2030. 

A digitalização está abrindo novas oportunidades e promovendo uma mudança significativa no setor de energia. Empresas adotam soluções digitais para otimizar processos, desde a geração de energia até a gestão da demanda, destacando avanços como medidores inteligentes, uso de sensores e inteligência artificial. 

Especialmente no setor de energias renováveis, a digitalização contribui para maior produtividade, redução de custos e diminuição das emissões. Microrredes e comunidades energéticas descentralizam a geração e distribuição de energia, enquanto redes inteligentes incorporam medidores inteligentes para automatizar a coleta de dados e otimizar o equilíbrio entre oferta e demanda de energia renovável. 

Relatórios indicam que a digitalização pode gerar economia de 20% em despesas operacionais, além de ganhos de 20% a 40% em produtividade, segurança e compliance. 

Quais são os principais desafios à inovação no setor de energia atualmente?

A integração eficiente de inovações com o sistema atual é crucial para impulsionar a transição energética, além de expandir e aprimorar a infraestrutura de comunicação para garantir a transmissão rápida e segura de dados entre os dispositivos e sistemas da rede inteligente. O uso de tecnologias como blockchain necessita do envolvimento de agentes como a câmara de comercialização [CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica], as concessionárias e a agência reguladora [Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica] para trazer padronizações para todo o mercado.

No tema da regulamentação, os mercados de hidrogênio e carbono aguardam definições para alavancarem e viabilizarem investimentos à medida que diferentes certificações surgem baseados em interesses locais.

Tecnologias como a inteligência artificial já são uma realidade no setor? Como elas contribuem para a inovação?

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) utiliza modelos de inteligência artificial para prever carga, vazão, vento, entre outros, desempenhando um papel crucial na antecipação de eventos. Essa abordagem melhora a preparação da operação, permitindo maior previsibilidade e otimização da rede elétrica, incluindo previsão de demanda, detecção de comportamentos atípicos e identificação de falhas em tempo real.

Na operação e manutenção de usinas, os modelos de IA podem otimizar paradas de máquinas, reduzindo custos e aumentando a eficiência operacional. Do lado da demanda, a aplicação de IoT facilita o monitoramento e gerenciamento eficazes da energia, com medidores inteligentes e conectividade acessível, proporcionando farto acesso à informação.

Como a AES Brasil se situa no contexto da inovação no setor de energia nacional?

Nos últimos 10 anos, a AES Brasil investiu mais de R$ 90 milhões em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, sendo a primeira empresa do setor a utilizar recurso regulado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para investir em startups. Sempre com foco no cliente, nosso portfólio de inovação busca oferecer novos produtos que auxiliem na jornada de descarbonização. Também trazemos autonomia na gestão de consumo, de forma mais eficiente e reduzindo custos, além de buscar novas tecnologias para melhorias operacionais, oferecendo, assim, uma energia limpa e segura.

A empresa segue investindo em parceria com startups, universidades, centros de pesquisa e demais agentes de inovação. Queremos explorar todas as oportunidades e desenvolver novos negócios que contribuam com o futuro do setor. 

O que é blockchain e para que serve?

O blockchain é uma tecnologia de registro digital onde as transações são armazenadas de forma transparente, imutável e descentralizada. Em vez de depender de uma autoridade centralizada, como um banco ou governo, o blockchain é mantido por uma rede de computadores interconectados que validam e registram as transações. Os dados são organizados em blocos interligados, formando uma cadeia, daí o nome “blockchain”, e uma vez que uma transação é registrada em um bloco, ela não pode ser alterada ou excluída sem o consenso da maioria dos participantes da rede, tornando o blockchain extremamente seguro contra fraudes.

Como desenvolver a transição energética no Brasil com contratos de longo prazo e de autoprodução no Mercado Livre de Energia

Parte do grupo de países com maior capacidade de geração de energia limpa e renovável, o Brasil já está um passo à frente quando o assunto é a transição energética. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 84,12% da matriz energética nacional é composta por fontes renováveis — como hídrica, eólica, solar e biomassa. 

Potencializar o uso de energia mais limpa é um dos caminhos para a descarbonização da economia, essencial para ajudar a frear os efeitos das mudanças climáticas, que já são sentidos ao redor do mundo. 

Na indústria e entre as grandes empresas, esse movimento é notado no aumento de PPAs (Power Purchase Agreement), e de projetos de autoprodução no Mercado Livre de Energia — quando o consumidor assume maior protagonismo, sendo parceiro na construção de parques eólicos. 

Além das vantagens econômicas dessas modalidades para os consumidores eletrointensivos, na autoprodução, as empresas ainda contribuem para aumentar o número de unidades geradoras que usam fontes renováveis no sistema elétrico nacional. 

Essa foi a escolha da BRF, maior produtora de proteína animal do mundo e cliente da AES Brasil. Cleverton Borchardt, gerente de Recursos Energéticos da empresa, conta que a questão econômica foi a base para a escolha da autoprodução, mas que a sustentabilidade também foi um fator importante. 

“Eram compromissos futuros que já pretendíamos assumir, mas que se tornaram essenciais. Afinal, quanto vale usar energia limpa na sua cadeia de produção? Nós sabemos que o mundo precisa abraçar esses protocolos, porque todos nós somos responsáveis por sustentar o planeta.”

Como funcionam os PPAs

São contratos bilaterais de venda de energia com duração de, aproximadamente, 15 a 20 anos. Geralmente, estão atrelados a um ativo específico de energia renovável — parque eólico ou usina solar, por exemplo — e têm preço pré-fixado em acordo entre gerador/comercializador e o cliente. 

Como funciona a autoprodução

São um tipo de contrato de longo prazo, com a diferença de que “nesse caso, a empresa não está comprando energia de uma geradora/comercializadora, ela se torna sócia”, explica o diretor-executivo Comercial da AES Brasil, Rodolfo Lima. 

A empresa obtém autorização para se tornar um produtor de energia elétrica e pode implementar e explorar um empreendimento — geralmente em parceria com uma geradora. A produção de energia do ativo é destinada às demandas do autoprodutor. 

O que as empresas ganham com os PPAs ou autoprodução de energia?

  • Maior previsibilidade dos gastos com energia, pois os valores são prefixados. O preço tem mais relação com o custo da geração do que com o valor de mercado, o que resulta na redução de custos.
  • No caso da autoprodução, é possível ter isenção de alguns encargos, o que reduz o custo final de energia. Além disso, determinados projetos têm descontos de 50% nas taxas de uso da estrutura distribuidora (TUST/TUSD).
  • Segurança de fornecimento, pois os contratos são feitos com empresas com experiência na geração de energia. 
  • Flexibilidade. Rodolfo Lima explica que os contratos de longo prazo são altamente customizáveis. “Ele pode ter várias especificidades, como sazonalização diferente, flexibilidade, modulação e estar vinculado a certificados de energia limpa”, exemplifica.

Autoprodução de energia está em crescimento

O executivo aponta que, pela baixa complexidade, os PPAs ainda são mais comuns entre as empresas, mas a modalidade de autoprodução está ganhando mais espaço. 

“Muitos consumidores têm procurado a autoprodução pela segurança de fornecimento, pois nesse modelo o cliente tem um parque que gera energia vinculado ao seu contrato.” O modelo proporciona independência energética, já que o consumidor não fica preso às flutuações de mercado ou cortes de energia. Quer saber mais sobre os contratos de longo prazo? Acesse o nosso site.

Qual a diferença entre energia limpa e energia renovável?

Quando se fala em sustentabilidade e preocupação ambiental diante dos desafios climáticos que o planeta vem enfrentando, entram em destaque dois conceitos: energia renovável e energia limpa. Atualmente, esses termos estão no centro do debate mundial pela redução do uso de combustíveis fósseis como forma de frear o aquecimento global. 

Afinal, fontes limpas e renováveis estão no sentido contrário dos chamados combustíveis fósseis,  provenientes de fontes que se esgotam e que emitem CO2  na sua queima – como petróleo, carvão e gás. E, nos dois conceitos, a característica de redução de impacto está presente nas etapas de produção de energia elétrica, principalmente nas emissões de gases causadores de efeito estufa, segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). 

No entanto, embora possam parecer sinônimos à primeira vista, energia renovável e energia limpa têm algumas diferenças importantes. 

A energia renovável é obtida a partir de fontes naturais e que não se esgotam totalmente com o uso, como hídrica, eólica e solar. Porém, no processo de geração, pode haver impactos ambientais. 

Já para ser considerada energia limpa, não pode haver, ao ser gerada a eletricidade, liberação de gases de efeito estufa na atmosfera, e os impactos ambientais causados devem ser mínimos e de fácil mitigação. Nesse sentido, especialistas consideram a energia eólica e solar como os melhores exemplos de energia limpa.

Em resumo, uma fonte de energia pode ser limpa e renovável, como a energia solar e eólica. Mas uma fonte de energia renovável não é, necessariamente, considerada limpa, por causar impactos ambientais consideráveis – é o caso da biomassa, que pode liberar gases de efeito estufa. E uma energia limpa não será, necessariamente, renovável – como a nuclear.

Energias renováveis no Brasil e no mundo

Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN), do Ministério de Minas e Energia, a participação das energias renováveis na matriz elétrica brasileira ficou em 87,9% em 2022

A Enerdata, consultora que publica anualmente estudos sobre a produção e consumo de energia, lançou em 2022 uma pesquisa sobre a oferta e participação das energias renováveis nos países. O estudo aponta que 30% da eletricidade consumida no mundo vêm de fontes renováveis. Aumentar esse consumo é fundamental para frear as mudanças climáticas, que têm resultado em eventos naturais extremos como enchentes e secas. 

A pesquisa traz ainda o top 10 países com maior oferta de energia renovável no mundo – o Brasil ocupa a 2ª posição, com 89,2%, atrás apenas da Noruega, com 98,5%. O ranking segue com Nova Zelândia (86,6%), Colômbia (75,5%), Canadá, (68,8%), Suécia (68,5%), Portugal (61%), Chile (54,6%), Alemanha (44,4%) e Reino Unido (43,3%). Neste top 10 não aparecem as duas maiores economias do globo, que são Estados Unidos e China. 

Mesmo com grande oferta de fontes renováveis em sua matriz energética, o Brasil aparece como 18º colocado em outro ranking, o Renewable Energy Country Attractiveness Index (RECAI) de junho de 2023. O relatório semestral classifica, desde 2003, os 40 países com mercado mais atrativo em fontes renováveis. 

A diferença na posição do Brasil em relação ao ranking da Enerdata se explica pelo fato de o RECAI considerar também itens como atividade econômica, facilidade em fazer negócios e o clima de investimentos nos mercados. Aparecem no topo do RECAI, nessa ordem: Estados Unidos, Alemanha, China Continental, Reino Unido e França. 

Entre os destaques apontados pelo RECAI com maior atratividade estão a Alemanha, que está expandindo o uso da energia solar fotovoltaica como estratégia para descarbonização. 

A Holanda, em 9º, anunciou um pacote de 30,7 milhões de dólares que será usado para alcançar as metas climáticas até 2030. Outro país bem colocado é o Canadá, em 12º lugar, que tem planos para projetos eólicos até 2026. Acesse o relatório completo (em inglês) para saber mais. 

Vantagens do consumo de energia renovável para as empresas

Optar por consumir energia elétrica de fontes renováveis tem diversas vantagens para empresas que buscam se destacar no mercado por meio de práticas sustentáveis. Nos últimos anos, investidores, sociedade e clientes têm aumentado a cobrança por negócios que atuem na redução das emissões de CO2, contribuindo para mitigar os danos causados pelas mudanças climáticas. 

Trata-se do processo de descarbonização da economia, que se tornou uma emergência global. Com a redução das emissões, optar pelas renováveis também ajuda a reduzir a poluição do ar e das águas, além de proteger a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Isso porque produzir energia a partir de fontes fósseis contribui para a degradação do meio ambiente. 

A energia produzida a partir de fontes renováveis também custa menos, pois não precisa de combustíveis para funcionar. O Mercado Livre de Energia é uma opção atrativa para as empresas que querem ter economia e também mais sustentabilidade. Acesse nossa página se quiser saber mais. 

Como comprovar o consumo de energia renovável?

Para comprovar o consumo de energia elétrica renovável por parte de uma empresa existem os RECs (International Renewable Energy Certificate). Esses certificados têm validade internacional e rastreabilidade que comprova a origem de fontes renováveis da energia consumida. 

Cada certificado equivale a 1 MWh (megawatt-hora) de energia renovável consumida. Esses documentos são fundamentais para as empresas que buscam certificações internacionais de sustentabilidade. Acesse nossa página sobre RECs para saber mais. 

Com 25 anos de atuação no setor elétrico brasileiro produzindo apenas energia de fontes renováveis, a AES Brasil mantém seu foco na contribuição para uma matriz energética sustentável, segura e com alta confiabilidade. 

O mesmo cuidado se reflete nas iniciativas para reduzir os impactos de sua atuação. Desde 2020, a corporação neutraliza, anualmente, as emissões de CO2 provenientes da sua produção. Em 2023, a AES Brasil neutralizou 100% das emissões históricas de gases de efeito estufa – considerando todo o período de operações desde 1999.

Fontes:

https://assets.ey.com/content/dam/ey-sites/ey-com/en_gl/topics/power-and-utilities/ey-recai60-top40-ranking-v2.pdf

https://yearbook.enerdata.net/renewables/renewable-in-electricity-production-share.html