Confira quais são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e qual sua relação com a transição energética
A transição energética no Brasil é um processo repleto de oportunidades. Com abundantes recursos naturais renováveis, o país é um dos mais bem colocados no cenário global para liderar essa mudança. O tema tem tamanha importância para o futuro do planeta e da humanidade que “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos” é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciativa global da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os 17 ODS são divididos em 169 submetas, questões cruciais que precisam ser enfrentadas e resolvidas até 2030. A mudança para uma matriz energética mais limpa permeia muitas dessas questões.
Confira a seguir como diversos ODS se relacionam com a transição energética:
1 – Erradicação da Pobreza: São diversas as formas como a pobreza atinge as pessoas. Uma delas é a pobreza energética, quando um recurso básico como a eletricidade não está disponível para todos. Ampliar o uso de energias renováveis é fundamental para melhorar as condições de vida de populações carentes. Além disso, energias mais limpas ajudam a reduzir os impactos das mudanças climáticas, como enchentes e secas extremas, que afetam fortemente as populações mais pobres e vulneráveis, dificultando seu desenvolvimento.
2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável: A redução do uso de combustíveis fósseis está entre as práticas da agricultura sustentável, que busca uma produção de alimentos que preserve os recursos naturais e não comprometa o abastecimento das gerações futuras. Segundo relatório divulgado em 2023 pelo Observatório do Clima, a agropecuária foi o segundo setor que mais poluiu, sendo responsável por 27% das emissões nacionais de gases de efeito estufa.
Entre as tendências do uso de energias renováveis na agricultura estão a instalação de sistemas fotovoltaicos nas lavouras e a adesão das empresas do setor ao Mercado Livre de Energia, no qual podem escolher a fonte geradora da energia que consomem, entre elas a energia eólica e a solar.
3 – Saúde e Bem-Estar: A poluição atmosférica é responsável por quase 7 milhões de mortes no mundo anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde. A mudança da matriz energética das frotas movidas a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, para combustíveis limpos trará impactos positivos para a saúde da população mundial. Também é importante a eletrificação de processos na indústria que ainda utilizam combustíveis fósseis. A expansão das energias renováveis pode reduzir gradativamente o uso de termoelétricas, altamente poluentes na geração de eletricidade.
4 – Educação de Qualidade: Energia elétrica e acesso à internet são fundamentais para atingir esse objetivo. Esses dois itens podem parecer básicos, mas continuam longe da realidade em muitos lugares. Fontes energéticas limpas e renováveis podem ser mais acessíveis em localidades isoladas e mostram um caminho para mudar esse quadro. Um exemplo é a instalação de painéis solares onde a rede elétrica não chega.
6 – Água Limpa e Saneamento: O tratamento de água demanda grandes quantidades de energia elétrica para o acionamento dos sistemas de filtragem. Energia limpa e acessível pode ampliar a escala em que esse processo é feito.
7 – Energia Acessível e Limpa: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos é um dos ODS.
8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico: Investimentos em energia limpa têm potencial para gerar empregos de qualidade e impulsionar o crescimento econômico sustentável. Por exemplo: só em 2023, o Brasil atraiu R$ 59,6 bilhões em investimentos na geração de energia solar fotovoltaica, criando 352 mil novos empregos, segundo a Associação Nacional de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Já a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) aponta que, entre 2010 a 2023, esse mercado atraiu investimentos na ordem de US$ 48,6 bilhões, além de gerar 11 postos de trabalho a cada MW instalado.
9- Indústria, Inovação e Infraestrutura: Inovações tecnológicas e infraestrutura sustentáveis podem ser impulsionadas com o uso de energia limpa. Já a indústria é um dos setores mais difíceis de descarbonização, e a adoção de energias renováveis se mostra fundamental para que essa área se desenvolva de maneira sustentável e com menos impacto no meio ambiente – e, consequentemente, no clima.
10 – Redução das Desigualdades: Não adianta fazer uma transição para energias mais limpas se ela não for inclusiva. A redução das desigualdades no acesso à eletricidade é necessária para o sucesso da mudança da matriz energética global. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há um abismo de acesso aos serviços energéticos entre as classes sociais no país. O estudo, que usa dados de 2019 (os mais recentes disponíveis), aponta que o consumo de energia per capita no Brasil é de 660 quilowatts-hora (kwh) por ano.
Quando falamos apenas dos consumidores mais pobres, com renda de até um salário mínimo, a demanda per capita anual cai para 371 kwh, equivalente a do Marrocos. Já entre os consumidores com renda na faixa de 20 salários mínimos, o consumo de energia é seis vezes maior, de 2.221 kwh por ano, comparado ao do Japão.
11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis: Atingir essa meta passa por ter menos emissões de poluentes com o uso de fontes de energia mais limpas, além de maior eficiência energética.
12 – Consumo e Produção Responsáveis: Utilizar energia de fontes renováveis é uma das formas de reduzir a pegada de carbono de consumidores, empresas e governos. Uma das metas desse ODS é incentivar as empresas, especialmente as de grande porte e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a incluir informações de sustentabilidade em seus relatórios anuais. Por exemplo, reportar as emissões de gases de efeito estufa emitidas em suas atividades, assim como as medidas adotadas para reduzir ou compensar essas emissões.
13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima: As energias renováveis têm papel central na redução das emissões de gases geradores do efeito estufa e na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
15 – Vida Terrestre: O caminho para proteger ecossistemas terrestres passa pela redução da poluição e do uso de combustíveis fósseis, que são mais poluentes tanto no consumo quanto na sua produção. A energia limpa é associada a esses dois aspectos, que também contribuem para frear as mudanças climáticas, que têm impacto direto na preservação de algumas espécies de fauna e flora sensíveis aos eventos extremos.
16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes: A redução da dependência de recursos fósseis deve resultar na mitigação de conflitos relacionados à sua exploração, como as guerras no Oriente Médio.
17 – Parcerias e Meios de Implementação: A cooperação internacional e as parcerias são essenciais para impulsionar a transição energética, que atualmente é tema central em encontros das lideranças mundiais como o G20.