Dia: 10 de maio de 2024

O que é a descarbonização e como começar essa jornada na sua empresa?

A necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para frear as mudanças climáticas colocaram a economia em um caminho (felizmente) sem volta: o da descarbonização. Promover a eficiência energética e utilizar energias renováveis  torna o negócio mais sustentável, é positivo para sua imagem perante o mercado, atrai clientes e pode gerar economia a médio prazo. A meta é clara, mas como começar essa jornada na sua empresa?   

Passo 1: Avaliação das emissões
Em um primeiro momento, é importante fazer uma avaliação completa para identificar as principais fontes de emissão de CO2 e gases de efeito estufa da empresa e quais são os processos e atividades que contribuem significativamente para isso. Essa análise pode indicar, por exemplo, que parte importante das emissões é proveniente da gestão de resíduos ou do uso de energia. A partir dessa avaliação, a empresa saberá não apenas o perfil de emissões, mas também poderá estabelecer uma base sólida para a criação e implantação de planos de ação para a descarbonização.

Passo 2: Estabelecer metas
Em seguida é preciso estabelecer metas claras para a redução das emissões de carbono. É fundamental a definição de objetivos que possam ser alcançados levando em consideração os recursos disponíveis e as capacidades da empresa – e que estejam alinhados com sua visão de descarbonização a longo prazo. Ao estabelecer metas claras e reais, a empresa terá em mãos um roteiro para sua jornada de descarbonização e uma base para avaliar o progresso ao longo do tempo.

Passo 3: Implementação de medidas
Após a definição das metas, a etapa seguinte deve ser a implementação de medidas concretas para a redução de emissões. Isso pode envolver uma série de ações, como o investimento em fontes de energia renovável – solar e eólica, por exemplo –, a incorporação de tecnologias energéticas mais eficientes, a otimização dos processos de produção e a adoção de meios de transporte mais sustentáveis. A instalação de painéis solares na empresa e a substituição de veículos por modelos elétricos são exemplos de medidas que podem ser implantadas para reduzir as emissões de carbono. 

Passo 4: Monitoramento e relatórios de progresso
Após essa etapa de implementação de medidas de mitigação, vem o monitoramento e a elaboração de relatórios de progresso. É fundamental acompanhar  regularmente o avanço das metas estabelecidas. Isso deve incluir a coleta de dados detalhados sobre as emissões de carbono da empresa, o monitoramento do consumo de energia e a avaliação contínua do impacto das medidas implementadas. Por exemplo, pode ser feita a análise periódica do desempenho energético de instalações específicas ou da frota da empresa.

Tão importante quanto monitorar os avanços é informar os resultados – internamente na empresa e externamente para clientes, investidores e órgãos reguladores. Isso demonstra o compromisso da empresa com a descarbonização.

Passo 5: Engajamento

Por fim, o engajamento dos stakeholders deve ser incentivado pela empresa. De funcionários até clientes, passando por fornecedores e a comunidade local – todos podem ser envolvidos nesse processo de conscientização. É preciso, também, que isso seja reforçado por meio de treinamento dos funcionários e de parcerias com fornecedores comprometidos com as metas ambientais da empresa.

Essas etapas na jornada de descarbonização de uma empresa são fundamentais para que o processo se complete. O caminho parece longo, mas o destino será positivo não apenas para o meio ambiente e para garantir um futuro sustentável, mas também pode gerar uma série de benefícios econômicos e estratégicos.

Mercado de créditos de carbono

O mercado de crédito de carbono no Brasil ainda está se desenvolvendo e apresenta um potencial de crescimento significativo por várias razões, entre elas a vasta extensão territorial, a riqueza de recursos naturais e a biodiversidade. Além disso, o Brasil possui um grande potencial para projetos em áreas como reflorestamento, agricultura sustentável e energia renovável, fundamentais para a geração de créditos de carbono. O processo da jornada de descarbonização acaba se tornando um dos vetores para esse mercado, uma vez que, após realizado o processo e aplicadas as ações mapeadas na jornada, as emissões ainda remanescentes podem ser compensadas através da aquisição de créditos de carbono.

Um crédito de carbono é gerado a cada tonelada de CO2 que deixa de ser emitida ou que é capturada da atmosfera por uma empresa ou governo. Sua origem está relacionada aos esforços das economias mundiais, por meio da Organização das Nações Unidas, para conter o aquecimento global e outros impactos ambientais do crescimento industrial. Além de contribuir para uma economia mais sustentável, os créditos são um indicativo do investimento e da preocupação das empresas em frear o aquecimento global. 

Em 2022, a AES Brasil iniciou a comercialização de créditos de carbono com a venda de 465 mil créditos oriundos de fontes eólicas, o que gerou uma receita de cerca de US$ 2,2 milhões. A oferta faz parte do aprimoramento do nosso portfólio de produtos e serviços focados em sustentabilidade. Saiba mais sobre o mercado de créditos de carbono acessando nossa página. (link para LP de créditos de carbono)

Compromissos sustentáveis

A AES Brasil tem 25 anos de experiência no setor elétrico brasileiro produzindo energia 100% de fontes renováveis. Além disso, é referência no setor quando o assunto é ESG, sendo a única empresa da América Latina com pontuação “AAA” na classificação ESG do MSCI. 

O mesmo cuidado se reflete nas iniciativas para reduzir os impactos de sua atuação. Desde 2020, a corporação neutraliza, anualmente, as emissões de CO2 provenientes da sua produção. Em 2023, neutralizou 100% das emissões históricas de gases de efeito estufa – considerando todo o período de operações desde 1999.

Energia e sustentabilidade: conheça os assuntos que estão em pauta no Congresso – de eólicas offshore ao mercado de carbono

Três projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, em fase final de discussão ou à espera da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, têm potencial para impulsionar o mercado de energia limpa no Brasil. Eles compõem a chamada Pauta Verde, que envolve os temas energia e sustentabilidade, e trata das seguintes regulamentações: 

  • Marco legal para a produção de hidrogênio verde
  • Instalação de usinas eólicas offshore (em alto-mar) 
  • Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), o chamado mercado de carbono. 

A aprovação e publicação dos textos é aguardada pelo mercado como uma forma de acelerar e garantir a transição energética no país. Com 84,41% de sua matriz elétrica de fontes renováveis e um enorme potencial nas três frentes em discussão no Congresso, o Brasil ocupa uma posição privilegiada no processo de migração para fontes de energia com baixa emissão de carbono.

A transição energética é medida fundamental para a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) e um dos caminhos para atingir a meta estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, que busca equilibrar geração de energia e sustentabilidade. O tratado internacional discutido por 195 países entrou em vigor em 2016 e prevê uma série de medidas para que, até o final deste século, o aumento da temperatura da Terra fique abaixo de 2ºC – preferencialmente limitada a 1,5ºC – em relação ao período pré-industrial. 

Regulação do mercado de carbono

Uma das leis mais esperadas é a que regulamenta o mercado de créditos de carbono. O texto cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que estabelece um mercado de venda de títulos, além de limites máximos para emissões por setores da economia.

Nesse sistema, as empresas que conseguirem diminuir suas emissões poderão vender créditos de carbono para aquelas que não cumprirem seus limites. Os títulos serão negociados no mercado financeiro. 

O crédito de carbono é um certificado que comprova que uma empresa ou um país reduziu suas emissões de dióxido de carbono, o CO2, principal responsável pelas mudanças climáticas. Uma unidade de crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 que deixa de ser lançada na atmosfera. 

Até agora, o Brasil conta apenas com o mercado de carbono voluntário. Nesse modelo, quem oferece os créditos negocia diretamente com empresas interessadas em compensar suas emissões. Na Europa, onde o mercado é regulado, os parâmetros de negociação dos créditos são mais transparentes.

Estima-se que a regulação do mercado de carbono possa movimentar no Brasil US$ 120 bilhões (cerca de R$ 577,2 bilhões) até 2030, de acordo com um estudo da WayCarbon feito em parceria com a Câmara de Comércio Internacional. A expectativa é que o projeto de lei, agora no Senado, seja aprovado ainda no primeiro semestre deste ano. 

Produção de hidrogênio verde

Nesse cenário, o marco legal da produção de hidrogênio verde foi aprovado pela Câmara dos Deputados em novembro do ano passado. O texto cria o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC) e atribui à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a regulação da produção. A autorização para produção de hidrogênio a partir da eletrólise da água caberá à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O projeto de lei (PL) também estabelece que o hidrogênio, para ser considerado “verde”, precisa ter valor inicial menor ou igual a quatro quilogramas de dióxido de carbono equivalente por quilograma de hidrogênio produzido (4 kgCO2eq/kgH2), o que representa até um terço das emissões de outras formas de obtenção do gás. A partir de 2030, essa proporção passará a ser regressiva. O texto aguarda a sanção presidencial.

Geração eólica em alto-mar

Também no final do ano passado, a Câmara aprovou o texto do Marco Regulatório para a construção e exploração das usinas eólicas offshore. O texto, que foi para o  Senado, permite a outorga das áreas em alto-mar, a até 370 km da costa, por meio de autorização ou concessão do Governo Federal. 

Ficam de fora da possibilidade de exploração as áreas em blocos licitados para a produção de petróleo, rotas de navegação marítima e protegidas pela legislação ambiental, assim como as áreas tombadas como paisagem cultural e natural em locais turísticos do país.