Dia: 12 de julho de 2023

Captura de carbono: Brasil pode se tornar um dos principais descarbonizadores do mundo

A transição energética para fontes limpas proporciona a redução de emissões e demanda um consumo mais consciente com a mesma eficiência. E as organizações comprometidas com a sustentabilidade têm vantagens competitivas no mercado, pois conquistam melhor reputação e transparência nas operações, que geram mais segurança para o investidor, além da fidelização de clientes que compartilham desses valores.  

De acordo com o 1º Relatório Anual de CCS (Captura e Armazenamento de Carbono), o Brasil tem o potencial de capturar mais de 190 milhões de toneladas de carbono por ano, provenientes da geração de energia de fontes fósseis, como petróleo e seus derivados, gás natural e carvão mineral. O potencial de implementação de projetos de captura de carbono no país está concentrado, principalmente, nos setores de energia e indústrias, que são os principais emissores de CO2 no mundo. 

“Embora o marco regulatório que apoia o armazenamento de captura de carbono no Brasil precise avançar, a pressão sobre as empresas internacionais continua, potencialmente reforçando as mesmas iniciativas no nosso país”, explica Thaís Dal Piaz, gerente de Inteligência de Mercado e Produtos da AES Brasil. 

A economia do baixo carbono

O objetivo principal é alcançar a neutralidade climática, por meio da transição energética, do incentivo a práticas de compensação de carbono, da substituição de matéria-prima e de adaptações estruturais para que os países alcancem o chamado Net Zero [abreviação de Net Zero Carbon Emissions], explica Thaís.

Embora muita gente ache que a pauta de mudanças climáticas está relacionada apenas ao meio ambiente, o tema é estratégico também para áreas como economia, tecnologia, comércio internacional, modelo energético e segurança hídrica. 

As pressões da Europa e dos Estados Unidos pela descarbonização e pelos objetivos ESG estão forçando as empresas ao redor do mundo, incluindo as brasileiras, a adotarem uma estratégia de baixo carbono em seu portfólio global. 

As empresas que adotam a agenda de descarbonização podem focar suas ações em dois tipos de benefícios: 

  • Benefícios físicos: As ações que trazem este tipo de benefício são aquelas focadas em diminuir os riscos que a mudança climática traz para as pessoas e o planeta, como elevação dos níveis dos oceanos, catástrofes climáticas e eventos extremos.
  • Benefícios institucionais: Aqui podemos incluir as ações focadas em minimizar os riscos para as transações comerciais em geral, como legislações mais restritivas, imposição de novas taxações e impostos e adoção de tecnologias disruptivas.  

Estratégias de descarbonização 

A descarbonização não se resume à substituição de fontes não renováveis (fósseis, como o petróleo) por energia solar, eólica ou biomassa. Thaís afirma que quaisquer soluções que visem à redução das emissões de gases de efeito estufa – como créditos de carbono, projetos de eficiência energética, hidrogênio verde e biocombustíveis – fazem parte desse processo. Dentre as soluções oferecidas pela AES Brasil, podemos destacar: 

Portfólio 100% renovável 

Investimos constantemente em tecnologia e inovação para fornecer aos nossos clientes energia a partir de fontes limpas. Nosso portfólio é composto por fontes 100% renováveis, sendo 51% da geração proveniente de fontes hídricas, 43% de eólicas e 6% de solares.

Créditos de Carbono

São certificados que comprovam a não emissão de CO2 por um país ou uma empresa. Cada uma tonelada de carbono não emitida na atmosfera equivale a um crédito de carbono. A geração de energia renovável e ações de reflorestamento estão entre os projetos que resultam em créditos de carbono. 

Esses créditos podem ser comercializados no mercado de carbono, regulado ou voluntário, e são um importante mecanismo para auxiliar empresas que têm metas de redução da emissão de gases poluentes. 

Em 2022, a AES Brasil iniciou a comercialização de créditos de carbono: foram mais de 465 mil créditos oriundos de fontes eólicas, lastreados nos Complexos Eólicos Mandacaru e Salinas.

Certificados de energia renovável

Comprovam o consumo de energia por fonte renovável, demonstrando o compromisso com o meio ambiente diante de importantes plataformas globais de certificação em sustentabilidade.No Brasil, são comercializados os Certificados Internacionais de Energia Renovável – também chamados I-RECs, do inglês “International Renewable Energy Certificate” – e o REC Brazil. Para os nossos clientes, também oferecemos o REC AES. Compare os tipos de certificados e saiba qual deles é ideal para sua empresa.

Nordeste: o pólo de produção de energia limpa do país

O Nordeste é o grande responsável pela geração eólica e solar fotovoltaica do país. A capacidade instalada da região, de 28,3 gigawatts (GW), representa 82,6% da energia solar e eólica nacional. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atualmente, a região concentra outros 76,2 GW de capacidade de geração eólica e solar já outorgada pela agência – ou seja, projetos autorizados, mas que ainda não possuem suas instalações confirmadas pelas empresas de energia.

A AES Brasil tem presença marcante no Nordeste e conta com uma equipe especializada, que busca entender o negócio das empresas locais e oferecer serviços customizados de acordo com a necessidade do cliente, das grandes indústrias aos consumidores menores. Há também alto interesse da companhia em contribuir para o desenvolvimento social e econômico dessa região do país.

Mas o potencial nordestino é ainda maior. Os estados da região somam 10 GW em projetos em fase de construção e 79,7% das novas instalações programadas para entrarem em operação no país, ainda segundo dados da Aneel. Esse cenário irá garantir ao Nordeste a hegemonia eólica e solar para a próxima década. Fatores naturais colocam a região na vanguarda da transição energética: 

  • Condições climáticas, com ventos intensos e constantes e altos níveis de radiação solar; 
  • Extensas áreas de terras propícias para a instalação de parques solares e eólicos, o que torna a energia renovável produzida no Nordeste uma das mais baratas do mundo;
  • Linhas de financiamento específicas que facilitam os investimentos na região. 

“Há uma complementaridade entre as fontes que ajuda a garantir a segurança do sistema elétrico. Com a característica da redução das chuvas no segundo semestre do ano, período seco do sistema, temos normalmente uma produção hidrelétrica menor, e é justamente neste período que os ventos são mais intensos, compensando com maior produção de energia eólica. Além disso, o Nordeste é conhecido por seus longos períodos de sol, apresentando um dos maiores índices de radiação solar do país, o que o torna um local de grande potencial”, aponta Almir Rogério Costa Sassaron, gerente de Planejamento Energético da AES Brasil.

Outros fatores que têm influenciado a expansão do Nordeste no setor são a queda significativa no custo de instalação de projetos de energia renovável nos últimos anos e o avanço da tecnologia de painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas, explica Francisco Ricardo da Silva Pinto Filho, gerente de Projetos Renováveis da AES Brasil.

Mas não só. “Considerando que a energia elétrica representa grande parte do custo da eletrólise, o Nordeste brasileiro tem uma grande vantagem competitiva na produção de hidrogênio verde, pois tem uma das energias renováveis mais baratas do mundo e uma infraestrutura portuária propícia à exportação”, explica Francisco. A AES Brasil vê o hidrogênio como uma importante ferramenta para a descarbonização das operações de grandes indústrias como mineração, aviação e transporte.

Atenta à essa oportunidade, além dos investimentos em energia eólica, em 2022 a AES Brasil firmou um pré-contrato com o Complexo de Pecém, no Ceará, para um estudo de viabilidade da construção de uma planta com capacidade instalada inicial de produção de até 2 GW de hidrogênio verde e de até 800 mil toneladas de amônia verde por ano. 

Ativos da AES Brasil no Nordeste

A AES Brasil acredita no potencial do Nordeste para a geração de energia limpa e investimos na região como parte de nossa estratégia de ampliação do portfólio em ativos solares e eólicos. Já possuímos cinco complexos eólicos em operação: 

  • Ventus (RN)
  • Alto do Sertão II (BA)
  • Salinas e Mandacaru (CE)
  • Ventos do Araripe (PI)
  • Caetés (PE)

Temos ainda dois ativos em construção: os complexos eólicos Tucano (BA) e Cajuína (RN), que, juntos, terão capacidade instalada de 1 GW. Mantemos mais 272 MW de projetos solares em fase de desenvolvimento, localizados próximos aos parques de Cajuína, Tucano e Alto Sertão II, com o objetivo de hibridização e aproveitamento de sinergias operacionais.