Como aliar economia circular e sustentabilidade para evoluir o setor de energia

A economia circular é um modelo de consumo que muda a forma como utilizamos os recursos naturais. Esse conceito propõe manter materiais e produtos em circulação pelo maior tempo possível, em um ciclo contínuo de uso e reuso. No setor de energia, o sistema pode ser aplicado repensando a maneira como geramos, distribuímos e consumimos eletricidade para ter reflexos positivos no meio ambiente.

Lugares como a Finlândia estão na vanguarda dessa transformação, integrando práticas circulares em suas políticas energéticas. No país nórdico, 99% dos resíduos sólidos urbanos são recuperados como energia ou reciclados. 

O panorama global, no entanto, ainda é preocupante. O aumento da extração de materiais tem feito a circularidade global cair continuamente, segundo o Circularity Gap Report 2023 (Relatório de Lacuna de Circularidade 2023) da Circle Economy Foundation (Fundação de Economia Circular).

Circularidade global: 

2018 – 9,1%

2020 – 8,6%

2023 – 7,2% 

Fonte: Circle Economy Foundation

Potencial de mudança

Esses números apontam uma dependência cada vez maior de novos materiais. No entanto, há muito potencial para mudar esse cenário. Da geração de energia a partir de resíduos até a otimização de processos industriais, há diferentes possibilidades de emprego da economia circular no setor energético. 

Uma das formas mais diretas de aplicar os princípios da economia circular e sustentabilidade no setor de energia é por meio da geração da própria eletricidade pelas indústrias e empresas por meio da autoprodução. Essa é uma prática que permite a utilização de fontes renováveis para reduzir a dependência de fornecedores externos. Mas não só. Até mesmo resíduos podem ser utilizados para produzir a energia que essas empresas consomem.

Resíduos orgânicos do setor varejista, por exemplo, podem ser transformados em energia. O que poderia ser um passivo ambiental acaba sendo uma fonte energética. Essa é uma estratégia que promove a sustentabilidade e resulta em economia de custos a longo prazo.

Outro exemplo é a adoção da cogeração em indústrias que utilizam vapor em seus processos. Nessa prática, o vapor, em vez de ser descartado, é aproveitado para gerar eletricidade. Gases remanescentes de processos industriais, que seriam normalmente eliminados, são capturados e utilizados para alimentar motores geradores de eletricidade, enquanto o calor residual é empregado para aquecer as instalações. Esse modelo não só reduz as emissões de poluentes como também maximiza o uso dos recursos disponíveis, criando um ciclo contínuo de aproveitamento eficiente.

Além disso, a descentralização da geração de energia, impulsionada por essas iniciativas, fortalece a rede elétrica na totalidade. Ao distribuir a geração entre diversas fontes menores, o sistema se torna mais resiliente e capaz de operar mesmo diante de falhas em partes da rede principal. 
Com a crescente escassez de recursos naturais e a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, aliar economia circular e sustentabilidade no setor de energia se tornou uma necessidade. Mas esse é um modelo que vai além. Empresas que incorporam esses princípios não ajudam apenas a reduzir o impacto ambiental, mas também ganham uma vantagem competitiva ao otimizar o uso de recursos e diversificar suas fontes de energia.

Título: Os 5 erres da economia circular

Reduzir

Fazer mais com menos, minimizando o uso de recursos e a geração de resíduos do início ao fim do ciclo de vida de um produto. 

Reutilizar

Inclui reparar, reaproveitar e remanufaturar itens que ainda têm valor, dando nova vida a produtos e materiais ao invés de descartá-los.

Reciclar

Transformar materiais descartados em novos produtos por meio da reciclagem reduz a necessidade de extração de recursos naturais.

Recuperar

Gerar energia a partir de resíduos, quando eles não podem ser reutilizados ou reciclados, faz parte desta ideia. 

Recusar

Evitar produtos que não sejam sustentáveis ou que gerem muitos resíduos.

Fonte: ADENE – Agência para a Energia de Portugal