Qual o custo e as consequências das mudanças climáticas?

Termômetros marcando calor recorde, secas comprometendo as safras e chuvas torrenciais causando mortes, deixando famílias desabrigadas, entre muitos outros transtornos. Essas são algumas das consequências das mudanças climáticas já sentidas no Brasil e no mundo. Além do forte impacto no planeta e na vida das pessoas e comunidades, os eventos extremos refletem também na economia e no desenvolvimento de nações inteiras.  

Durante o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, realizado em fevereiro de 2024 no Brasil, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, apontou que o impacto das mudanças climáticas na economia tem custos estimados de US$ 22 bilhões por ano e que esses eventos podem levar mais de 3 bilhões de pessoas à pobreza.

Um relatório publicado no fim de 2023 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que “o progresso na adaptação climática está desacelerando, quando deveria estar acelerando para acompanhar os crescentes impactos da mudança climática e seus riscos para as pessoas, a natureza e a economia mundial”. Conforme o relatório global, os fundos necessários nesta década para adaptação aos efeitos da mudança climática devem ser entre US$ 215 bilhões e US$ 387 bilhões por ano.

Já a Aon, que faz consultoria em gerenciamento de riscos e corretagem de seguros, aponta números ainda mais alarmantes. Segundo a estimativa da agência, somente nos primeiros nove meses de 2023, os prejuízos da crise climática chegaram a US$ 295 bilhões (R$ 1,458 trilhão) em todo o mundo. No Brasil, as perdas alcançaram US$ 555 milhões (R$ 2,743 bilhões). 

O ano de 2023 foi considerado o mais quente da história do planeta, com destaque para o mês de outubro, que registrou temperaturas 1,7°C acima do normal — a referência é o período pré-industrial (1850-1900). Segundo a comunidade científica, a combinação do aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera com a ocorrência do El Niño está por trás dos eventos climáticos extremos que temos vivenciado recentemente. O fenômeno, que acontece em uma frequência de dois a sete anos e dura cerca de 12 meses, aquece as águas do Oceano Pacífico, o que se reflete no aumento da temperatura global.

A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o calor dos oceanos e o derretimento das geleiras fizeram com que o nível do mar aumentasse 4,62 milímetros por ano entre 2013 e 2022. Com esse aumento, vêm as inundações que ameaçam comunidades que vivem perto do mar.

O que tem causado as mudanças climáticas?

Um documento da ONU sobre as causas e efeitos das mudanças climáticas aponta que a geração de eletricidade e calor pela queima de combustíveis fósseis – como carvão e petróleo – é responsável por boa parte das emissões globais. “No mundo todo, apenas um quarto da eletricidade é gerada por vento, sol e outros recursos renováveis que, ao contrário dos combustíveis fósseis, emitem pouco ou nenhum gás de efeito estufa ou poluente no ar.”

Outro ponto que contribui para a crise climática é a fabricação de produtos, considerada uma das maiores emissoras de gases de efeito estufa do planeta por conta da queima de combustíveis e de outros processos industriais. O dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa também são liberados na hora de produzir alimentos, quando há desmatamento para limpeza de terras, por exemplo. 

Mudanças no uso da terra resultam em um quarto das emissões no mundo todo. A ONU afirma que, se mantido o ritmo de destruição de 12 milhões de hectares de florestas por ano, isso afetará dramaticamente a capacidade global de redução das emissões. 

Além disso, o uso de transportes como carros, caminhões, navios e aviões, que precisam de combustíveis fósseis, também tem um impacto importante na crise climática. 

Como a mudança no clima vai nos afetar

O impacto da crise climática é observado de muitas formas. De acordo com a ONU, a crise afeta nossa saúde, nossa capacidade de cultivo de alimentos, nossa forma de habitar o planeta e nossa segurança. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que é preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, em comparação aos níveis de 2019. Somente assim será possível limitar o aumento da temperatura a 1,5°C  até o fim do século para evitar piores consequências e manter o planeta habitável

Como evitar as mudanças climáticas? 

A prevenção de mudanças climáticas é um dos maiores desafios enfrentados atualmente. A troca dos sistemas de energia de combustíveis fósseis para fontes renováveis, como energia solar e eólica, estão entre os caminhos apontados para reduzir a emissão de gases de efeito estufa – contribuindo para conter o aquecimento global. 

O Brasil leva vantagem nesse aspecto pela abundância de recursos naturais para a geração de energia renovável. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia hídrica corresponde a 49,9% da capacidade instalada na matriz elétrica, seguida pela solar fotovoltaica (15,8%) e eólica (12,2%). Atuam no país empresas como a AES Brasil, que trabalha exclusivamente com a geração de energia de fontes renováveis, colaborando para a redução das emissões de gases de efeito estufa de seus clientes. Mesmo com esforço, as consequências das mudanças climáticas já estão sendo observadas e vivenciadas. Por isso, é preciso uma adaptação para lidar da melhor forma possível com os impactos que já existem e com os que ainda virão.