Entenda quais são os impactos da transição energética para o sistema elétrico e as empresas de energia

Os impactos da transição energética global estão crescendo enquanto causam mudanças nos sistemas elétricos e nas empresas de energia. Um relatório recente da consultoria EY aponta como esse processo está ocorrendo em diferentes mercados. No Brasil, onde a matriz elétrica é majoritariamente renovável, a aceleração da adoção de tecnologias de energia limpa está criando novos desafios e oportunidades.

A transição energética não é um processo uniforme e linear. Pelo contrário, ela varia segundo o mercado, a tecnologia e o envolvimento dos consumidores. Quando a sociedade se transforma ou a tecnologia avança, o progresso não tem uma trajetória linear. Em vez disso, ele segue uma curva em formato de “S”, que não tem crescimento contínuo, e acaba sendo impulsionado pelo efeito positivo da própria mudança. 

À medida que a tecnologia melhora, atinge pontos de inflexão econômica com a redução de custos, o aumento das capacidades e a adesão dos consumidores aos novos padrões também cresce.

Principais aceleradores
A EY identificou três aceleradores principais que podem dinamizar essa mudança:

  1. Incentivo à mudança da “velha” para a “nova” energia:

Segundo o relatório, a adoção de políticas específicas e inovações tecnológicas são fundamentais para atingir metas de descarbonização mais rapidamente. No Brasil, as energias eólica e solar estão crescendo impulsionadas por medidas favoráveis e reduções nos custos de tecnologia. O estudo destaca que, globalmente, a energia verde dominará a produção até 2038, representando 62% do mix energético até 2050.

  1. Fortalecimento da cadeia de valor de metais e minerais:

O relatório da EY afirma que a construção de novos ativos e infraestruturas energéticas requer abundantes recursos minerais como cobre, lítio e níquel. No Brasil, a mineração terá um papel fundamental na transição energética, e investimentos significativos serão necessários para suprir a demanda crescente.

  1. Atendimento das expectativas do consumidor de energia:

O envolvimento dos consumidores, tanto residenciais quanto industriais, diz o estudo, é essencial para o sucesso das transições energéticas. As empresas precisam oferecer soluções que sejam não apenas sustentáveis, mas também mais baratas. A adoção de veículos elétricos e tecnologias de geração distribuída, por exemplo, está transformando a relação entre consumidores e empresas de energia.

Impactos da transição energética no contexto brasileiro

A matriz elétrica do Brasil é composta por cerca de 84% de fontes renováveis, o que coloca o país entre os líderes globais em energia limpa. De acordo com o relatório anual da Global Electricity Review, o país se destaca no G20, formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, por ter a maior parcela de eletricidade limpa. No entanto, os impactos da transição energética estão trazendo novos desafios, como a integração das energias renováveis à rede, investimentos em Infraestrutura, além de regulamentação e políticas públicas.  

As respostas a esses desafios virão com investimentos em infraestrutura para garantir a estabilidade da rede elétrica, a modernização de linhas de transmissão e distribuição e leilões de energia e incentivos fiscais para garantir o crescimento do setor. Tecnologias de armazenamento de energia e sistemas de gerenciamento de rede também serão essenciais, de acordo com diferentes análises de especialistas do setor.

O cenário é desafiador, mas abre oportunidades para as empresas de energia expandirem seus portfólios de fontes renováveis. O caminho, diz o relatório da EY, deve passar por investimentos em novos projetos de fontes como a solar e a eólica, além da exploração de oportunidades em novas tecnologias como a do hidrogênio verde.

Segundo o estudo, serão fundamentais também o desenvolvimento de inovações em tecnologias de armazenamento para melhorar a estabilidade e a eficiência da rede e o engajamento dos consumidores.