Descubra como funcionam os green bonds e como eles ajudam nos projetos sustentáveis
Títulos de renda fixa que destinam os recursos obtidos, exclusivamente, para o financiamento de projetos com benefícios ambientais. Essa é a definição dos green bonds ou títulos verdes, produto financeiro que se tornou um importante instrumento para fomentar uma economia de baixo carbono. À medida que a necessidade de desenvolvimento sustentável se tornou mais evidente, os green bonds ficaram mais atraentes para quem busca investir e manter suas metas econômicas alinhadas com valores sustentáveis.
Empresas de diferentes setores, governos e instituições multilaterais podem emitir green bonds. No Brasil, Petrobras, Banco do Brasil e o próprio governo são apenas alguns dos que já lançaram seus títulos verdes. O Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também são emissores desses títulos.
Segundo a Green Bonds Initiative, títulos verdes, sociais e sustentáveis em circulação no mundo ultrapassaram US$ 4 trilhões, em 2023, e continuam crescendo. Só na Europa, houve o recorde de US$ 347 bilhões em títulos verdes no ano passado, apontam dados do Institute for Energy Economics and Financial Analysis (IEEFA).
Esses valores são apenas um indicador do fluxo de capital e, segundo a Green Bonds Initiative, precisa ser multiplicado por dez para chegar ao patamar necessário ao desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Esse mesmo valor, no entanto, representa um aumento de mais de 100 vezes em relação a uma década atrás.
Retorno financeiro
Investir em green bonds proporciona retorno financeiro atrativo, com taxas de juros competitivas em relação ao mercado de renda fixa tradicional. Este aspecto financeiro torna os títulos verdes uma opção viável e interessante para investidores que buscam boas oportunidades de rendimento.
Além do retorno financeiro, os títulos verdes permitem que os investidores contribuam diretamente para um futuro mais sustentável. Os recursos captados são direcionados para projetos que promovem impactos ambientais positivos, como a redução das emissões de carbono e o aumento da eficiência energética.
Outro benefício dos green bonds é a diversificação do portfólio de investimentos. Eles oferecem uma alternativa sólida para os investidores que desejam ampliar suas opções. A transparência é garantida, pois a aplicação dos recursos é rigorosamente monitorada e divulgada aos investidores, assegurando a credibilidade e a confiança no uso dos fundos.
Para serem aplicados, os green bonds precisam ser verificados por instituições responsáveis por avaliar e atestar a validade dos projetos sustentáveis que serão financiados. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) são as instituições que realizam essas avaliações no Brasil.
Como são emitidos os green bonds?
O processo para emitir um título verde é semelhante ao de um título convencional. Empresas ou governos desenvolvem um projeto com foco ambiental. Depois disso, o título passa por uma certificação.
Os green bonds são analisados por uma entidade independente para atestar que os recursos serão destinados a projetos sustentáveis. Só então é feita a emissão por um intermediário, como um banco ou uma agência financeira. Após a emissão, relatórios sobre os investimentos realizados com os recursos dos títulos verdes precisam ser publicados.
Em novembro de 2023, o governo brasileiro emitiu seus primeiros títulos verdes. Esses green bonds permitem ao governo captar recursos de investidores, com a promessa de reembolsar o valor com juros em um prazo específico. O novo título é emitido no mercado internacional, em dólares. O prazo é de sete anos e o vencimento, em 2031.
Projetos sustentáveis
Os fundos obtidos por meio dos green bonds devem ser empregados exclusivamente em projetos sustentáveis, por exemplo:
- parques eólicos e solares para a geração de energia limpa e renovável;
- construções verdes que utilizam eficiência energética e materiais sustentáveis;
- sistemas de transporte público mais limpos e eficientes;
- tratamento de água e esgoto para melhorar a qualidade da água e reduzir a poluição;
- iniciativas de florestamento e reflorestamento que protegem a biodiversidade e combatem o desmatamento.
Em setembro, o governo apresentou o Arcabouço Brasileiro Para Títulos Soberanos Sustentáveis, um documento que formaliza o compromisso do Brasil com os potenciais compradores de títulos da dívida externa do país para a implementação de políticas sustentáveis.
O documento detalha as despesas que podem ser financiadas com os recursos arrecadados, incluindo a produção de energia renovável, controle do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, além de investimentos em saneamento básico.A AES Brasil foi a primeira empresa no país a emitir títulos verdes para um projeto solar em 2019. Desde então, já foram feitas quatro emissões até 2022. Os primeiros ativos da empresa beneficiados por essa emissão foram os Complexos Solares Guaimbê e Ouroeste, em São Paulo. Totalizando R$ 820 mil, os títulos representaram 75 mil toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas.